O presidente Lula (PT) disse nesta segunda-feira (1º) que “todas as pessoas que tentaram dar um golpe serão presas”, em referência àqueles que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. “Vocês se lembram que tentaram dar o golpe no dia 8”, afirmou o petista, durante ato de centrais sindicais para celebrar em São Paulo o Dia do Trabalho. Em seguida, prometeu punição -que, na prática, depende de decisões do Judiciário, não do Executivo.
A promessa vem na esteira da CPI que, no Congresso, investigará as circunstâncias que propiciaram as cenas de destruição na capital uma semana após Lula tomar posse no seu terceiro mandato. Lula se opôs inicialmente à criação da CPI, mas decidiu mudar a orientação para a base governista após a crise com a queda do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Gonçalves Dias. Ele pediu demissão do cargo no mês passado após a divulgação de imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante os ataques de 8 de janeiro.
Nesta segunda, Lula também defendeu que “as pessoas voltem a ser humanistas” e possam se dizer de esquerda sem medo. “A gente não pode mais viver num mundo em que andar de vermelho é visto como inimigo do inimigo”, afirmou o petista. “Não pode aceitar a ideia de que é proibido dizer que é de esquerda.”
Lula usou sua fala para se dizer grato pelos quatro anos que ganhou na Presidência “para a gente poder consertar este país”. Disse que sua meta é “provar outra vez que este país pode voltar a ser alegre”. Que o Brasil não permaneça “vítima do ódio, como fomos até agora”, continuou. Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro (PL), o antecessor com quem polarizou nas eleições, o presidente afirmou que não é possível “permitir que a mentira continue prevalecendo neste país”. “Foi a verdade que derrotou o ex-presidente”, disse. Bolsonaro participou nesta segunda (1º) de evento agrícola em Ribeirão Preto, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
No ato, Lula questionou por que os jornalistas que estavam trabalhando no dia foram alocados pela organização na frente do palco onde as autoridades discursaram. “A impressão que a gente tem é que vou fazer uma entrevista coletiva, porque a imprensa está na frente, e o povo, lá atrás.” Ele sugeriu que algum organizador devia estar se sentindo em dívida com a imprensa e que, por isso, decidiu fazer um agrado aos jornalistas.
Lula estava ladeado no ato do 1º de Maio com velhos companheiros de guerra, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-deputado José Genoino e os ministros de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e Trabalho, Luiz Marinho.
O ambiente lhe era amigável. As falas, além de generosas com ele, eram cortantes contra seu antecessor.
Presidente do PDT-SP, Antonio Neto sintetizou em sua fala o azedume geral com Bolsonaro. Não o nomeou, mas o alvo era claro: “Nós enterramos o belzebu do fascismo. […] Não entramos no paraíso ainda, estamos apenas fechando a porta do inferno”.
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, também subiu no tablado, onde abraçou Lula. Na mira do agronegócio e trocando faíscas com alguns membros do governo, a entidade será alvo de uma CPI no Congresso.