O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é um dos defensores da realização de estudos na costa do Amapá para avaliar a possibilidade de extração de petróleo na foz do rio Amazonas.
Ele é do mesmo partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, cuja pasta tem dado sinais de que resiste ao projeto.
Segundo Randolfe, o ponto onde a Petrobras deseja furar um poço fica a uma distância de 580 km da costa brasileira, e não na Amazônia. Para ele, dizer que os estudos podem ter impacto na floresta seria o mesmo que dizer que “Belo Horizonte pertence ao Rio de Janeiro”. “É a mesma distância.”
“Não tem nenhuma ameaça ambiental. O mesmo risco ambiental que tem nesse lugar tem na exploração da costa fluminense, tem na costa de Sergipe ou na costa do Rio Grande do Norte”,
argumenta.
O líder do governo esteve nesta terça-feira (16) com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acompanhado do governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade). Na ocasião, disse que do ponto de vista econômico, os estudos de viabilidade são “inadiáveis”.
Ao Painel, o senador defendeu que os estudos devem ser feitos para dar a oportunidade de o país decidir.
“A gente tem que fazer uma escolha de nação, uma escolha do Brasil. O Brasil não vai mais abrir nenhum poço de petróleo em mais nenhum lugar? Não vai cavar mais nenhum poço de petróleo? Vai renunciar em definitivo a essa matriz fóssil? Ou ainda vai fazer exploração da matriz fóssil de petróleo pelos próximos 40, 50 anos, enquanto essa matriz energética ainda estiver atual?”
Procurada por meio de sua assessoria, Marina afirmou que a decisão sobre a extração cabe ao Ibama, que terá um parecer técnico no processo de licenciamento, como prevê a legislação.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, um parecer interno do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) recomenda que o órgão negue a licença ambiental para a Petrobras explorar petróleo na Foz do Amazonas.
O documento foi assinado no último dia 20, em resposta a um extenso parecer da equipe técnica do instituto, que analisa o pedido da petroleira de realizar a perfuração do solo -etapa inicial, antes da extração de petróleo comercialmente e da exploração do recurso fóssil em larga escala. A palavra final será do presidente, Rodrigo Agostinho, que não retornou os contatos da Folha de S.Paulo.