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Por falta de pagamento, faxineiros deixam de limpar o ICAM e cirurgias podem ser suspensas na unidade em Manaus

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Manaus – O Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (ICAM), unidade referência para atendimento infantil em Manaus, vive uma grave crise de infraestrutura e gestão que coloca em risco a vida de milhares de crianças. Relatos de profissionais de saúde e denúncias sobre a falta de materiais básicos expõem as péssimas condições em que a unidade se encontra. A situação se agrava com a constante suspensão de cirurgias por falta de insumos essenciais, o que agrava ainda mais o quadro de descaso com a saúde pública no estado.

De acordo com uma fonte interna do ICAM, a empresa contratada para realizar a conservação e fornecimento de materiais de limpeza e higiene da unidade tem mostrado total descaso com a manutenção do ambiente.

Há relatos de que, no turno noturno, por exemplo, não há reposição de papel higiênico nem papel toalha nas enfermarias e postos de enfermagem. A situação só é regularizada nas primeiras horas da manhã, quando as funcionárias da empresa aparecem para colocar os materiais de forma emergencial, mas já com o expediente de plantão praticamente encerrado. No entanto, antes de sair, as equipes da empresa costumam tirar fotos, registrando um cenário falso de que os materiais essenciais estavam disponíveis durante toda a noite.

Além da falta de materiais e da precariedade no atendimento, outra grave denúncia feita por profissionais do ICAM envolve o comportamento dos faxineiros responsáveis pela limpeza da unidade. Segundo relatos de pacientes e funcionários, quando solicitados a manter a higiene adequada no local, os faxineiros têm demonstrado uma postura debochada e desrespeitosa. “Se a gente não recebe, a gente não limpa”, é uma das respostas frequentes que os pacientes ouvem ao pedir por limpeza nas enfermarias e áreas comuns da unidade.

Essa atitude, de acordo com as denúncias, reflete ainda mais o descaso da gestão da SES-AM, que parece negligenciar até os direitos dos servidores terceirizados. A falta de pagamento adequado e a ausência de um planejamento que garanta condições mínimas de trabalho para esses profissionais contribuem para o agravamento da crise no ICAM, deixando claro que o problema não é apenas estrutural, mas também de gestão e de respeito ao trabalho dos que, apesar das dificuldades, ainda tentam fazer o seu papel.

Profissionais da saúde também informaram que diariamente cirurgias programadas estão sendo canceladas devido à falta de materiais específicos para os procedimentos. Instrumentos e insumos essenciais para as cirurgias simplesmente não estão sendo fornecidos com a regularidade necessária. Isso tem levado a um número crescente de procedimentos suspensos e, consequentemente, a um aumento do sofrimento das crianças que dependem desses atendimentos.

A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), responsável pela gestão do ICAM, já foi alertada sobre os problemas enfrentados na unidade. De acordo com relatos de profissionais de saúde, a SES-AM tem conhecimento da situação, mas, até o momento, não tomou providências concretas para resolver a crise.

Esse não é um caso isolado, mas parte de um cenário mais amplo de falência na saúde pública no estado do Amazonas, especialmente nas unidades geridas pela SES-AM. A falta de infraestrutura, o desleixo com os materiais e a precariedade no atendimento têm sido recorrentes, e a gestão da saúde pública tem sido amplamente criticada por profissionais da área e pela própria população.

*Com informações CM7

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