Por: FRED MELO
Depois das férias e festas de fim de ano, estamos de volta com a nossa coluna no Foco no Fato e começamos falando sobre o que está acontecendo no Brasil. Ao observar os tristes e lamentáveis acontecimentos à distância, percebo que a direita perdeu o seu momento e precisa, para ontem, desmamar do resultado das eleições de 2022.
Não adianta ficar lamentando as oportunidades perdidas. Agora é preciso olhar para frente, estabelecer uma nova estratégia para vencer através do voto, única forma democrática possível para retomar o poder que foi entregue de mão beijada para a esquerda em 2022.
Um dos maiores equívocos cometidos pelo presidente Bolsonaro foi a sua ausência nas eleições para prefeito em 2020. Essa sua falta de visão estratégica fez com que praticamente todas as capitais brasileiras trabalhassem contra a sua reeleição. Quando falamos das prefeituras do interior, então, o quadro fica ainda mais grave.
No Amazonas, por exemplo, praticamente 62 prefeitos trabalharam para Lula. O líder máximo da direita brasileira não poderia jamais deixar de participar daquilo que pratica diariamente: da política.
Nós, que somos conservadores, defendemos princípios e valores bem definidos, não podemos fazer aquilo que mais combatemos. As cenas do último domingo foram de dar vergonha, independentemente de ser de direita, esquerda, centro ou se havia infiltrados no grupo que invadiu, como se fosse o MST em verde e amarelo, os três Poderes da República. Foi decepcionante, patético, repugnante, reprovável e injustificável.
É nas cidades que as coisas se resolvem, onde as pessoas vivem e passam suas necessidades diariamente. A direita precisa refletir, descer do salto, respeitar a decisão das urnas, parar de se alimentar com histórias de fraudes que não foram oficialmente comprovadas por nenhum órgão oficial de governo, apenas teorias de conspiração até agora infundadas. O povo escolheu, a esquerda ganhou por pequena margem, mas na democracia vence a maioria e ponto final.
Lula foi tirado da cadeia para ganhar a eleição, as forças contrárias ao presidente Bolsonaro perceberam que esse era o único nome capaz de enfrentá-lo com chances de vitória e foi exatamente o que aconteceu. Quando Bolsonaro aceitou a “desnomeação” de Alexandre Ramagem e depois leu aquela carta escrita por Temer, ele escancarou as portas para o STF ditar as regras do jogo e deixá-lo nas cordas.
A partir destes dois momentos, o presidente passou a jogar na casa do adversário com a torcida contra. Enquanto a direita questionava as pesquisas, a esquerda elaborava suas estratégias eleitorais. Enquanto as motociatas faziam plasticamente muito sucesso, a maioria dos prefeitos, a oposição, a grande mídia e o Judiciário criavam o ambiente perfeito para construir a vitória de Lula. Era um massacre diário. O governo produzia duas crises por dia, uma pela manhã e outra no fim do dia, nós ficamos na nossa bolha e ainda não saímos dela.
Já passou da hora de desmamar.
Que phase!