Instalada na última quarta-feira, a CPI do MST começa com todo o vapor nesta semana. Até esta segunda-feira, a oposição, que ocupa a maior parte do colegiado com 20 das 27 cadeiras, já protocolou requerimentos para que dezessete pessoas sejam convocadas para depor. Entre elas, está desde o líder do movimento social João Pedro Stédile até ministros do governo Lula (PT). Em contrapartida, a base governista aposta em empresários do agronegócio acusados de desrespeitaram à demarcação de terras indígenas.

Em relação aos primeiros escalões do governo, os deputados oposicionistas pedem a convocação do ministro da Justiça Flávio Dino e dos titulares da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Na pasta de Teixeira, a diretora do departamento que media conflitos agrários também está na lista de convocados.

Entre os nomes solicitados pela oposição chama atenção o requerimento protocolado pelo titular do União Brasil Alfredo Gaspar (AL) que pede o depoimento do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandoswki. De acordo com o parlamentar, a convocação se justifica pela ida do então ministro a um evento promovido pelo MST em fevereiro deste ano. Na ocasião, Lewandoswki teceu elogios ao movimento social.

Ricardo Lewandowski em evento do MST — Foto: Sara Sulamita/MST

Ricardo Lewandowski em evento do MST — Foto: Sara Sulamita/MST

Já Messias Donato (Republicanos-ES) pede para que dois ex-ministros do Desenvolvimento Agrário prestem esclarecimento: Raul Jungmann, que esteve à frente da pasta entre 1999 e 2002, durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e Miguel Soldatelli Rossetto, titular entre 2003 e 2006, no primeiro governo Lula.

O argumento de Donato é pautado no cenário de invasões que ocorreram ao longo desses dois mandatos. De acordo com o parlamentar, os ex-ministros devem esclarecer as “diferentes políticas de reforma agrária adotada pelo Governo Federal”.

A CPI que foi instalada para apurar as recentes invasões de terra durante o Abril Vermelho tem uma minoria governista. No entanto, mesmo com apenas sete aliados titulares, os parlamentares protocolaram nesta segunda-feira pedidos para que onze pessoas compareçam ao colegiado.

O ex-secretário nacional de Assuntos Fundiários do governo de Jair Bolsonaro (PL) Nabhan Garcia é uma das maiores apostas. Ao longo de sua gestão, o aliado do ex-presidente recebeu críticas por reduzir a demarcação de terras indígenas e defender grilagem em latifúndios.

Em 2020, apoiou uma normativa da FUNAI que permitiu certificações e registros de fazendas no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) federal, dentro de terras indígenas (TIs) ainda não homologadas, última fase da demarcação que consiste no decreto presidencial.

O sócio da empresa de soja Bom Futuro, José Maria Bortoli, é outro nome que deve ser convocado por desrespeito à demarcação de terras indígenas. Atualmente, o empresário do agro é acusado de sobrepor os limites de sua propriedade à reserva Enawenê-Nawê.

A base governista também articula a ida de nomes que possam defender o MST, como Siderlei de Oliveira, membro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e de pesquisadores da área. Todos os nomes dependem de aprovação.

Lista da oposição:

  1. João Pedro Stédile, líder do MST
  2. José Rainha; líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e um dos fundadores do MST
  3. Flávio Dino, ministro da Justiça
  4. Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária
  5. Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário
  6. Cesar Fernando Schiavon Aldrighi, presidente do INCRA
  7. Claudia Maria Dadico, diretora do departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do Ministério de Desenvolvimento Agrário
  8. Raul Jungmann, ministro do Desenvolvimento Agrário no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso
  9. Miguel Soldatelli Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário no primeiro governo Lula
  10. Ricardo Lewandoswki, ex-ministro do STF
  11. Ivan Xavier, integrante do MST
  12. Nelcilene Ramos, ex-integrante do MST
  13. Marcos Antonio ‘Marrom’ da Silva; coordenador da Frente Nacional de Luta (FNL)
  14. Kelli Cristine de Oliveira Mafort, Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas – SNDS/SG/PR e ex-coordenadora nacional do MST
  15. Claudio Ribeiro Passos, líder da FNL
  16. Luciano de Lima, líder da FNL
  17. João Paulo Rodrigues, líder do MST

Empresários:

Veja lista da base governista:

  1. Luana Carvalho, da Direção Nacional do MST
  2. Siderlei de Oliveira, membro da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
  3. José Maria Bortoli, sócio da empresa de soja Bom Futuro
  4. Renato Eugenio de Rezende Barbosa, da empresa de cana-de-açúcar Campanário S/A
  5. Nabhan Garcia, ex-secretário nacional de Assuntos Fundiários
  6. Ela Wiecko, pesquisadora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília
  7. Deborah Duprat, especialista do Ministério Público Federal
  8. Carlos Frederico Marés, doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná
  9. Raquel Rigotto, especialista
  10. José Geraldo de Souza Juniorgraduado em Ciências Jurídicas e Sociais

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