O Senado Federal aprovou, nesta segunda-feira (13/6), a criação de uma comissão temporária externa destinada a acompanhar as buscas e investigar in loco as causas e as providências adotadas diante do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips.
O requerimento é de autoria do líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O colegiado será composto por nove membros titulares e terá duração de, pelo menos, 60 dias.
Randolfe pretende, ainda, utilizar o objeto de investigação pela comissão temporária para subsidiar eventual pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
O objetivo é ampliar as investigações em torno do crescimento de violência na região do Vale do Javari, no Amazonas, onde Bruno e Dom foram vistos por último.
Randolfe afirma que o desaparecimento “não pode ser tratado com indiferença”.
“Sendo necessário o envio de todos os recursos possíveis para que o caso tenha uma rápida solução, sobretudo com o esclarecimento das causas do aparente crime, bem como de seus mandantes e executores, inclusive para que se tenham subsídios suficientes para evitar, de uma vez por todas, que o exercício da proteção ao meio ambiente e às minorias e que o exercício do jornalismo deixem de ser atribuições de risco no Brasil”, enfatiza no requerimento.
Apoio do presidente
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apoiou o requerimento do líder da oposição, sinalizando a importância da Casa em “reagir” para discutir e debater alternativas à violência na região.
Mais cedo, Pacheco defendeu que é preciso combater o “Estado paralelo” que se impôs na região, que se tornou um dos locais mais perigosos da Amazônia, em razão do crescimento de operações ilegais como desmatamento clandestino e até a criação de rotas para o narcotráfico.
“Há todo o contexto de um Estado paralelo que se impõe num lugar, e que, infelizmente, o Estado brasileiro não consegue preencher suficientemente. É motivo de alerta e de reação do Senado Federal. Nós precisamos reagir, a Comissão de Constituição e Justiça, a Comissão de Meio Ambiente, de Comissão de Direitos Humanos devem se organizar para se fazerem presentes neste caso, e diagnosticarem esses problemas na região”, disse o presidente.
O congressista classificou o caso como “atrocidade” e uma “ofensa”. “Não queremos precipitar o que de fato aconteceu com eles, mas, caso se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, caso isso se confirme é uma situação das mais graves do Brasil… Para além de um sentimento humano, há uma ofensa ao Estado brasileiro; uma ofensa às instituições, e nós do Senado Federal não podemos tolerar essa atrocidade”.
*Com informações metrópoles