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Plínio Valério, presidente da CPI das ONGs, já pediu autorização para explorar ouro na Amazônia

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Plínio afirma que nunca teve o propósito de fazer mineração de ouro e que seu foco eram mesmo as organizações não-governamentais.

Manaus/AM – O senador Plínio Valério (PSDB-AM), que atualmente está presidindo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), apresentou, há 40 anos, cinco requerimentos de pesquisa para exploração de ouro em áreas na Amazônia. As informações constam em registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), divulgados em reportagem da Agência Pública.

Os requerimentos foram apresentados ao órgão federal em maio de 1983, quando Plínio Valério tinha 29 anos e era jornalista. Todos foram rejeitados, em setembro do mesmo ano, devido à impossibilidade de autorização.

As áreas solicitadas pelo senador localizavam-se no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), uma região marcada pela presença de povos indígenas e reservas ambientais. Cada requerimento tinha área de 1 mil hectares, formando um bloco único de 5 mil hectares.

À época, já estava em andamento, naquela mesma área, o processo de demarcação da Terra Indígena Balaio, que teve a sua portaria de identificação publicada em abril de 1988 e homologação, em dezembro de 2009. Atualmente, nove povos indígenas habitam a área de 257 mil hectares próxima à fronteira com a Venezuela. Ali também estão os limites da Reserva Biológica Morro dos Seis de Lagos, na bacia do Rio Negro.

Questionado pela reportagem da Agência Pública, Plínio Valério declarou que seus pedidos de pesquisa tinham, na realidade, interesse jornalístico e que, já naquela época, ele pretendia “desvelar” como funcionava a atuação das ONGs na Amazônia.

“Como jornalista, aos 29 anos, me dedicava à produção de uma reportagem sobre minérios na região amazônica. Nesse contexto, apresentei um pedido de exploração mineral aos órgãos competentes, ciente de que seria rejeitado”, disse o senador, por meio de nota.

Plínio afirma que nunca teve o propósito de fazer mineração de ouro e que seu foco eram mesmo as organizações não-governamentais.

“Nunca pretendi mexer com ouro. Ali, naquele momento, sabia que tinha que combater essas ONGs que hoje dominam a Amazônia. Meu propósito era, enquanto repórter, desvelar e compreender os métodos operacionais dessas entidades. Era jovem, com vinte e poucos anos, e recebia salário de jornal. Como exploraria minério?”, completou.

O senador ainda foi questionado se a reportagem foi divulgada, ele não informou, mas disse que sua alegada apuração acabaria por influenciar seu trabalho até dias atuais.

“Com esse episódio, ficou provado, para mim, que ali, começava o que hoje como senador, tanto combato: que é o isolamento da Amazônia e que não podemos explorar nossas riquezas naturais. Como você pode observar, é uma luta antiga”, concluiu Plínio Valério.

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