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Lula diz que não haverá perdão para os culpados pelo 8 de janeiro

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Autoridades defenderam punição dos que atentaram contra a democracia

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (8), no Congresso Nacional, que não haverá anistia para os que participaram direta e indiretamente dos atentados às sedes dos Três Poderes em Brasília, há exatamente um ano. Nas palavras do presidente, os envolvidos deverão ser “exemplarmente punidos”.

O evento marcou um ano dos atos de vandalismo e depredação dos palácios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Planalto por extremistas que contestavam o resultado das eleições de 2022.

Segundo Lula, se a tentativa de golpe fosse bem-sucedida, “a vontade soberana expressa nas ruas teria sido roubada e a democracia teria sido destruída”. Uma eventual vitória do golpe de Estado pela extrema direita, disse ainda o presidente, mergulharia o País em “caos econômico e social”, com cenário em que “adversários políticos poderiam ser julgados e enforcados em praça pública”.

Lula elogiou a atuação de autoridades no dia 8 de janeiro, entre elas os militares que se recusaram a apoiar o golpe: “A coragem de parlamentares, governadores e governadoras, ministros da Suprema Corte, ministros e ministras de Estado, militares legalistas e, sobretudo, da maioria do povo brasileiro garantiu que estivéssemos celebrando a vitória da democracia contra o autoritarismo”, disse.

(Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

Ele também ressaltou a atuação das polícias legislativas do Senado e da Câmara, que mesmo em minoria demonstraram  “ato de coragem e de responsabilidade” ao controlar o avanço do vandalismo no Congresso Nacional.

Além de Lula, participaram da solenidade os presidentes do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco; do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Participaram ainda o procurador-geral da Republica, Paulo Gonet; e a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, como representante dos governadores, entre outras autoridades.

Relator dos inquéritos sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, o ministro Alexandre de Moraes reafirmou o compromisso do Supremo com a punição dos culpados pela invasão e a depredação das sedes dos três Poderes.

(Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Um balanço dos inquéritos sobre o 8 de janeiro de 2023 divulgado neste domingo (7) por Moraes mostrou que foram tomadas mais de 6 mil decisões ao longo de 2023, entre operações de busca e apreensão (255), quebras de sigilo (355), prisões em flagrante (243) e mandados de prisão após investigações da Polícia Federal (81). Até dezembro, cerca de 70 pessoas continuavam presas. Ao todo, o Supremo recebeu 1.345 denúncias da Procuradoria-Geral da República contra envolvidos nos atos antidemocráticos.

Responsabilização
A responsabilização dos que participaram dos atos de vandalismo há um ano também foi defendida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e pela governadora Fátima Bezerra.

Gonet defendeu tal responsabilização, independentemente da posição que as pessoas ocupem na sociedade. “É o próprio povo que impõe, por meio das leis, que sejam tratadas como crime as inadmissíveis ações e insurgências contra a democracia”, afirmou o procurador-geral. “Cabe ao Ministério Público o que já vem sendo feito há um ano: apurar a responsabilidade de todos e propor ao Judiciário os castigos merecidos. Esta é a nossa forma de prevenir que o passado que se lamenta não ressurja e venha a desordenar o porvir.”

Também Fátima Bezerra cobrou responsabilização de todos que “ousaram destruir” a democracia, seja os que vandalizaram, financiaram, organizaram ou incitaram a “tentativa de golpe”.

(Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Na avaliação da governadora, o ato Democracia Inabalada simboliza a volta à normalidade democrática, a retomada do pacto federativo, a valorização da soberania popular e o repúdio ao autoritarismo, ao fascismo e à barbárie.

Em sua fala, o senador Rodrigo Pacheco também destacou a importância do ato desta segunda-feira no Congresso. “Esse ato é um ato de reafirmação da opção democrática feita pelo povo brasileiro, reafirmação de que a defesa da democracia é uma ação permanente e constante, reafirmação da maturidade e da solidez de nossas instituições”, disse.

Foram as instituições republicanas, na avaliação de Rodrigo Pacheco, que frearam a evolução dos atentados. O senador repudiou ainda a tentativa de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e o resultado da escolha popular. “Desqualificar e desacreditar o processo eleitoral não ofende apenas as instituições republicanas e o processo eleitoral, ofende de uma maneira ainda mais grave o povo brasileiro”, discursou.

(Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Redes sociais
No ato, o ministro Alexandre de Moraes defendeu ainda a aprovação de novas regras para o uso das redes sociais, como forma de evitar a cooptação de pessoas pelo que chamou de “novo populismo digital extremista”.

“A falta de transparência na utilização da inteligência artificial e dos algoritmos tornaram os usuários suscetíveis à demagogia e à manipulação política, possibilitando a livre atuação desse novo populismo digital extremista e de seus aspirantes a ditadores”, disse Moraes.

Patrimônio
Além de reafirmar a importância da democracia, o evento celebrou a restituição ao patrimônio público de alguns itens depredados durante a invasão. Houve o descerramento de placa alusiva à restauração da tapeçaria de Burle Marx, que faz parte do acervo do Senado Federal, e ainda a entrega simbólica, a Luís Roberto Barroso, da Constituição Federal levada do STF durante os atos antidemocráticos e recuperada posteriormente.

(Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, lamentou a destruição de parte do acervo cultural e histórico do Supremo, mas destacou que a destruição física dos prédios não foi capaz de abalar o que cada um dos Poderes simboliza: a vontade majoritária do povo.

Barroso se disse especificamente impressionado com relatos de que, após a depredação dos prédios, os criminosos se ajoelhavam no chão e rezavam fervorosamente. “De onde, Deus do céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio, violência e desrespeito ao próximo?”, indagou.

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