O inquérito que investiga as explosões registradas na Praça dos Três Poderes na noite de 4ª feira (13.nov.2024) ficará sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A PF (Polícia Federal) começou a investigar o caso poucas horas depois do ocorrido e enviou os autos ao Supremo.

O caso inicialmente foi enviado ao presidente da Corte, Roberto Barroso. Foi distribuído por prevenção a Moraes por conta de sua relatoria em outro inquérito que investiga o “gabinete do ódio“, como ficaram conhecidos, depois de investigações, núcleos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que teriam o objetivo de disseminar desinformação.

Em palestra na manhã desta 5ª feira (14.nov), Moraes afirmou que caberia a Barroso a análise das informações para se certificar de que não existia relação do episódio das explosões com outros casos em investigação na Corte.

Na mesma palestra, em evento no MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), o magistrado afirmou que o atentado não era “um fato isolado” e afirmou que ele fazia parte de um contexto que começou com o próprio gabinete do ódio, anos atrás.

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto […] E esse contexto se iniciou lá atrás quando o gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, contra autonomia do judiciário, contra ao STF não só como instituição mas contra as pessoas e as famílias de cada um dos ministro“, afirmou.

“Isso foi se avolumando sobre o falso manto de um criminoso uso da liberdade de expressão, de ofender, de ameaçar, de coagir. Em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso foi se agigantando e resultou resultou no 8 de Janeiro”, declarou.

AS EXPLOSÕES E  SUA AUTORIA

As explosões ocorreram em 2 locais separados: uma em frente à Estátua da Justiça, que deixou um morto, e outra em um carro, modelo Shuma da cor prata, estacionado próximo ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Logo depois, o local foi interditado para varreduras por suspeitas de outros explosivos.

Horas depois das explosões, a PF abriu um inquérito para apurar os fatos. O direto-geral da corporação, Andrei Rodrigues, estava reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com os ministros do STF Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes durante o episódio. 

A ação do homem-bomba na Praça dos Três Poderes foi coordenada pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que era o dono do carro e morreu ao detonar o explosivo perto da Estátua da Justiça, em frente ao Supremo. Ele teria tentado entrar na Corte antes da explosão. A Praça dos Três Poderes foi interditada e está sendo vistoriada. A PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) evacuou e cercou o perímetro.

Ele teria retirado da mochila alguns artefatos e uma blusa, que lançou em direção à estátua. Em seguida, alguns seguranças do STF se aproximaram e o homem abriu a camisa e os advertiu para não se aproximarem. Na sequência, teria acendido outro artefato, e explodido junto ao seu corpo.

Wanderley esteve no prédio do STF em 24 de agosto deste ano, em visitação pública. O homem também teria alugado uma casa na Ceilândia, região administrativa do DF, há poucas semanas.

Dias antes das explosões, ele avisou em seu perfil do Facebook sobre o atentado. Em mensagem publicada em seu perfil na rede social, ele escreveu: “Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBÔSOS [sic] nojentos”.

Durante sua fala no evento, Moraes também defendeu a regulamentação das redes sociais justamente por publicações como essas. Segundo o ministro, há por vezes um “envenenamento” nas redes que precisa ser manejado.

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