A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) teve os trabalhos iniciados nesta terça-feira (23/5) e já ocorreram os primeiros confrontos entre a base governista e a oposição. Em menos de uma hora, houve trocas de acusações, muito bate-boca e até socos na mesa do plenário.
Em troca de farpas, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) acusou o movimento sem terra de abrigar “marginais” e “bandidos”.
“Ela [a comissão] está apurando situações de um grupo que não é um movimento social, mas um movimento de marginais que invadem, quebram e põem fogo em sedes de fazendas”, disse.
Na mesma linha de Mauro, o deputado Capitão Alden (PL-BA) afirmou que o MST era “terrorista”.
“É um movimento terrorista, nós vamos provar isso. Não é possível que produtores rurais pequenos, médios e grandes tenham suas propriedades invadidas, tendo os seus respectivos direitos cerceados de comercializar e sobreviver na área. Nessa investigação vamos trazer outros elementos que vão corroborar que digam que de fato o MST é um movimento terrorista”, afirmou Alden.
Os parlamentares foram retrucados por governistas, que afirmaram que “marginal é quem defende torturador”.
Deputados alinhados com o governo também criticaram o plano de trabalho apresentado pelo relator Ricardo Salles (PL-SP). O texto afirma que a CPI tem por objetivo investigar “a invasão de propriedade, depredação de patrimônio público e privado e crimes correlatos”. Segundo deputados da base, no entanto, não há “objeto” a ser investigado.
O mais exaltado foi deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) que não se segurou e começou a gritar contra o colega de Câmara. Ele deu socos na mesa e avisou para todos os presentes que não ficaria calado diante das acusações. “Sou deputado federal. Não sou marginal. Você não vai generalizar”, declarou o deputado.
Éder chegou a reclamar da situação e disse que estava sendo interrompido pelo colega. No meio do bate-boca, Talita Petroni (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) saíram em defesa do deputado petista e lembraram que Mauro foi investigado por um suposto envolvimento em crime de tortura.
“Quem está acusando é quem apoia tortura”, disseram as deputadas. Porém, o processo foi julgado improcedente pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ou seja, o deputado é inocente.