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Ana Moser toma posse no Ministério do Esporte: “Missão mais difícil que Brasil e Cuba”

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Pasta é recriada no novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu no dia 1º de janeiro. No mandato de Jair Bolsonaro, pasta era secretaria especial do Ministério da Cidadania

Medalhista olímpica de vôlei, Ana Moser tomou posse do Ministério do Esporte nesta quarta-feira. Ela é a primeira mulher da história a comandar a pasta. A ex-atleta, de 54 anos de idade, foi anunciada para liderar o ministério no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana. Nos últimos quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro, o esporte virou uma secretaria especial, subordinada ao Ministério da Cidadania.

A cerimônia de posse de Ana Moser contou com a presença de outros dois ex-ministros da pasta, Orlando Silva e Leandro Cruz. Outras autoridades, como os também ministros Camilo Santana (Educação), Aniele Franco (Igualdade Racial), Esther Dweck (Gestão), Nisia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho), além de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Paulo Wanderley, presidente do COB, e Mizael Conrado, presidente do CPB, também estiveram presentes. Com um certo atraso na programação, Ana Moser falou sobre a missão de assumir o esporte no país e lembrou a dificuldade dos confrontos entre Brasil e Cuba nas quadras de vôlei.

– Acho que a missão aqui é mais difícil que Brasil e Cuba (risos). Vamos estar juntos de cada um que está aqui para ouvir e encaminhar as questões de todas as dimensões do esporte, que são muitas e diversas. E que tenhamos espírito de muita conversa para que a gente construa algo novo e maior que temos hoje. E que aumente e muito o esporte. A gente tem de fazer que mais pessoas conheçam, pratiquem e se beneficiem do esporte.

Em seu discurso, Ana Moser anunciou Marta Sobral, referência no basquete, como nova secretária do Esporte e Rendimento. Além disso, anunciou a chegada de Diogo Silva, referência no taekwondo, ao seu grupo de trabalho. A nova ministra falou da importância da conversa com outros ministérios, como Educação e Saúde. E disse que vai conversar com todos os setores, como os comitês paralímpicos, que terão atenção especial no trabalho da nova ministra.

– Nosso público é o mesmo. Crianças e jovens que estão na escola, população em geral, atendidos pelo SUS. Missão é que tenham acesso a todos os serviços. Esporte é transversal e precisamos que isso se reflita na prática – disse.

Em seu discurso, a ministra fez menções honrosas a Isabel Salgado e Pelé, mortos no ano passado. Fez, inclusive, o apelo para que o Rei do Futebol desse nome a escolas no país. Ana Moser afirmou, também, o pedido de Lula para ampliar a prática do esporte amador na sociedade brasileira.

– Fazer uma revolução no esporte. Oferecer o esporte na vida de todos e todas as brasileiras. E fazer evoluir o esporte amador. Foi um pedido do presidente Lula. Lula sempre foi um esportista. Essa é a grande janela que se abriu. Ele ter a experiência e amar o esporte.

Ana Moser, que participou do grupo de transição do esporte do presidente Lula, é uma das diretoras da organização “Atletas pelo Brasil”, iniciativa formada por atletas e ex-atletas que lutam por melhorias em modalidade esportivas e por avanços sociais no país.

Fora das quadras, a vocação social de Ana Moser se manifesta há anos. Ela criou o Instituto Esporte & Educação (IEE), em 2001, que já atendeu a 6 milhões de crianças e jovens e capacitou mais de 55 mil professores e educadores pelo Brasil. Na posse, Ana Moser exaltou o legado e afirmou que se licenciou do comando do do instituto.

– Vamos buscar as parcerias para ampliar o acesso ao esporte em todo o país. Assumo essa missão para inverter a pirâmide e garantir o acesso a todos ao esporte, como está previsto na Constituição. Nossas propostas têm referências internacionais. Elas têm base e são prioridade na nossa pasta.

Ana Moser revelou que, em conversa, Lula falou de sua fama de pavio curto, diante dos embates da ex-atleta com o COB na história recente. Ela, no entanto, falou da necessidade de trabalhar com todas as instituições.

– Ele (Lula) tinha ouvido falar que sou muito pavio curto. E deu uma risadinha. Acho que isso são reflexos de longos episódios com COB e outras. Vou dizer que vamos continuar a ter esses episódios, se for o caso. Mas acho que não será. Temos setores que avançaram muito nas ultimas décadas. temos inúmeros temas e contribuições para compartilhar. O gabinete estará sempre aberto.

Ana Moser conduz a Tocha Olímpica — Foto: Andre Mourao/Rio2016
Ana Moser conduz a Tocha Olímpica — Foto: Andre Mourao/Rio2016

Ana Moser nasceu em Blumenau, Santa Catarina, em 14 de agosto de 1968. A atleta, que começou no vôlei aos sete anos de idade, passou pela seleção brasileira infanto-juvenil antes de brilhar na equipe principal.

Em 1988, Ana Moser participou, pela primeira vez, de uma edição de Olimpíadas, em Seul, na Coreia do Sul. Em 1992, na cidade de Barcelona, na Espanha, foi novamente convocada, porém, a medalha veio apenas nos Jogos de Atlanta, em 1996, com o bronze conquistado na vitória por 3 sets a 2 sobre a Rússia.

– Eu sou atleta e defendi a seleção por 15 anos. Mas nunca tirei a camisa da seleção. Eu defendo todos os atletas, técnicos, profissionais. Sei das dores, das glórias e dos valores que distribuímos.

Ana Moser brilhou pela seleção nos anos 90 — Foto: O globo
Ana Moser brilhou pela seleção nos anos 90 — Foto: O globo

Ministério do Esporte

A pasta foi criada em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que colocou Pelé, tricampeão mundial de futebol com a Seleção Brasileira, à frente do posto.

O ministério contou ainda com Rafael Greca, Carlos Melles, Caio Cibella de Carvalho, Agnelo Queiroz, Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton, Ricardo Leyser, Leonardo Picciani e Leandro Cruz Fróes da Silva.

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