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Santa Casa tem obra embargada pela Prefeitura de Manaus e Iphan por ausência de licença

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Santa Casa tem obra embargada pela Prefeitura de Manaus e Iphan por ausência de licença

Obras da Santa Casa de Misericórdia foram notificadas e embargadas nesta segunda-feira, 22/11, pela Prefeitura de Manaus e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Amazonas (Iphan-AM), em razão da ausência de licenciamento e de projeto de restauro apresentado junto aos órgãos federal e municipal.

O prédio, abandonado desde 2004, foi leiloado e arrematado pela Fametro no ano passado, instituição responsável pelas obras. Por estar inserido na área de proteção do Centro Histórico da capital, tombado em 2012 pelo Iphan e também pela Lei Orgânica de Manaus (Loman), o prédio é uma unidade de interesse, conforme artigo 342.

O Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) notificou e embargou a obra, já o Iphan multou o responsável em razão de ausência de autorização prévia para reforma da capela, reforma do prédio principal e demolição de partes do prédio sem estudo histórico, conforme vistoria técnica realizada in loco hoje.

Tombamento

Fotos – Marinho Ramos / Semcom

“O prédio da Santa Casa fica em área tombada pelo Iphan-AM, e a ação visa fiscalizar possíveis obras irregulares ocorrendo sem autorização devida, sem projeto aprovado. Intervenções em unidades históricas podem ser feitas somente após análise e aprovação junto aos órgãos licenciadores. Isso evita a perda de partes importantes ou características dos imóveis, além de potencializar um restauro mais sustentável”,

disse a superintendente do Iphan-AM, Karla Bittar, que esteve pessoalmente na vistoria e fiscalização.

Bittar frisa a importância do licenciamento na produção de uma série de documentações que auxiliam no entendimento do imóvel, do bem tombado, para análise do projeto.

Fotos – Marinho Ramos / Semcom

“O projeto vai contemplar as necessidades do local, e é muito importante que os prédios sejam restaurados, que se dê um uso a eles. Somos totalmente favoráveis a isso, mas é preciso ter o cuidado com as questões de preservação. Através de documentos e projetos é possível entender aquilo que pode ser subtraído, modificado ou mesmo os potenciais dos imóveis para tornar a intervenção mais viável, mais sustentável do ponto de vista social, econômico e cultural”, afirmou.

Sem projeto de licenciamento tramitando junto ao Implurb, o diretor-presidente da autarquia, engenheiro Carlos Valente, explicou que a obra é muito importante para a cidade, no sentido de sinalizar a revitalização para o Centro, mas que é preciso a formalização do processo como exigência legal.

“O embargo foi uma ação em parceria com o Iphan-AM e vamos apoiar toda iniciativa, mas nenhuma obra poderá ser executada se não tiver análise e aprovação do Implurb. Vamos dar a celeridade necessária, entretanto, o interessado ou empreendedor deverá protocolar seu projeto para ser analisado e poder ter o pleito deferido”, afirmou Valente.

Restauração

Fotos – Marinho Ramos / Semcom

De estilo arquitetônico característico do século 19, neolítico e do romantismo português, com uma capela de referência neogótica, a Santa Casa é uma edificação secular ainda tombada como patrimônio pela Lei Municipal 4.811.

As obras foram anunciadas pela instituição de ensino, responsável pela restauração, nas suas redes sociais, e o espaço funcionará como Hospital Universitário da Fametro. Em divulgação da reitoria, a instituição deu início ao processo de pesquisa histórica de toda a estrutura do prédio, incluindo a capela, mas não há projeto aprovado junto à Prefeitura de Manaus ou ao Iphan-AM.

A importante Casa de Saúde foi reconhecida em 1938 como entidade filantrópica e em 1962 era declarada de utilidade pública pelo decreto Lei 1.276. O patrimônio é composto de um salão nobre, jardins, com estruturas de paredes com pé direito alto, centro cirúrgico, capela, apartamentos e enfermarias.

Fotos – Marinho Ramos / Semcom