O caso envolvendo os jogadores Gustavo Scarpa, Mayke e Willian Bigode pode se aproximar de uma resolução nas próximas semanas. É no que acredita a defesa do atacante do Santos. A recuperação da corretora de criptomoedas FTX nos Estados Unidos, da qual a XLand – empresa acusada de causar prejuízo de milhões aos jogadores – diz ser credora, foi anunciada há alguns dias e existe uma perspectiva de ressarcimento dos valores com pagamento de juros e correção monetária.
A FTX teve falência decretada em 2022. Em agosto de 2023, a XLand usou suas redes sociais para publicar uma carta na qual dizia ter recursos financeiros alocados na plataforma de investimentos da corretora americana. Por isso, a defesa de Willian Bigode pediu ao juiz da 10ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, Danilo Fidel de Castro, que a FTX fosse oficiada a fim de esclarecer se a XLand de fato é uma das credoras da empresa. Já os advogados de Scarpa e Mayke entendem que o movimento é um “subterfúgio para não assumirem as responsabilidades”.
“A bem da verdade, somente através dessa medida será possível apurar a real existência de ativos financeiros da XLand junto a FTX ou não. E, caso existam, poderemos estar diante de uma solução não só para esse processo, como também de âmbito global para aqueles que demandaram contra a Xland”, afirma, Bruno Santana, advogado de Willian Bigode.
De acordo com a Bloomberg, a FTX terá até US$ 16,3 bilhões (cerca de R$ 84 bilhões) para distribuir entre seus credores. O aumento expressivo do valor em caixa, que era de US$ 6,4 bilhões no início de 2024, se deve à valorização de algumas criptomoedas.
A defesa de Willian entende que a medida é benéfica para todas as partes e aguarda que os advogados de Scarpa concordem com o requerimento. “Não terão nenhum prejuízo com a execução da referida medida, muito pelo contrário, poderão estar diante de uma possível solução”, afirmou Santana.
Uma lista de credores da FTX, datada de 25 de janeiro de 2023, é utilizada pelos advogados de Scarpa para alegar a inexistência de qualquer citação à XLand ou seus sócios.
“A aludida lista fora disponibilizada publicamente e constata-se pela lista anexa que não se encontra o nome da empresa ré, Xland, tampouco de seus sócios ou o nome do autor, ou seja, a informação creditada pelos Réus, Xland, Gabriel e Jean, e avalizada pelos outros réus, WLJC, Willian e Camila, foi apenas mais um pretexto e subterfúgio para não assumirem as responsabilidades quanto ao ressarcimento ao autor”, afirmou a defesa de Scarpa.
Nos últimos dias, a Justiça Federal do Acre informou que os valores estimados das pedras de alexandrita não correspondem com o alegado pela XLand e seriam insuficientes para arcar com a dívida contestada pelos jogadores. Nos dois processos – movidos por Mayke e Gustavo Scarpa -, os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, ainda não foram localizados e, por isso, não receberam a notificação do processo.
Diante dessa notificação, a defesa de Scarpa pede que 30% dos vencimentos de Willian Bigode no Santos sejam penhorados. No processo de Mayke, já foi determinada pelo juízo a penhora do mesmo porcentual. Esses valores ficam retidos pela Justiça até que haja uma decisão para apontar culpados pelo golpe. Portanto, Mayke não tem acesso a essa quantia no momento.
ENTENDA O CASO
O processo movido por Scarpa e Mayke aponta que partiu de Willian e de sua sócia Camila Moreira de Biasi a sugestão de investimentos na XLand, que ofereceria uma rentabilidade de 2% a 5% sobre o valor investido. Scarpa aplicou R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, investiram R$ 4.583.789,31.
Os problemas com a XLand começaram em meados de 2022, quando os jogadores do Palmeiras tentaram resgatar a rentabilidade, mas não tiveram sucesso após seguidas negativas e adiamentos da XLand. Mais tarde, eles tentaram romper o contrato, mas também não receberam o valor devido.
Após seguidos contatos com os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, com Willian e Camila e um coach de gestão financeira, Marçal Siqueira, que tinha parceira com a empresa acriana, Scarpa e Mayke procuraram seus advogados e registraram um boletim de ocorrência. Desde então, o processo corre na Justiça paulista, ainda sem decisões proferidas sobre culpabilidade dos réus.