Um cenário de guerra e confrontos sangrentos se desenha na Amazônia Legal, onde as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) travam uma batalha pelo controle do tráfico de drogas na região. O episódio emblemático da missão fracassada de Ana Klicia, do CV, para atrair Zazá do Mangue, líder do PCC, revela a complexidade e brutalidade dessa disputa.
A “Cartografia da Violência na Amazônia”, divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca não apenas o confronto entre PCC e CV, mas também a presença de pelo menos dez facções estrangeiras, originárias da Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru, na fronteira e em território brasileiro.
A região, estratégica para o tráfico de cocaína e skank, tornou-se palco de uma batalha intensa. Com mais de 5 milhões de km², a Amazônia Legal é permeada por atividades ilegais como extração predatória de minerais e madeira, servindo como rota para o tráfico de drogas desde a década de 1980.
O avanço do narcotráfico ganhou força em 2007 com o surgimento da Família do Norte (FDN) e, posteriormente, com a guerra entre PCC e CV em 2016, que mudou o panorama da criminalidade na região. O PCC, em busca de rotas alternativas, estabeleceu alianças com facções regionais, como a FDN, expandindo sua presença na Amazônia.
O estudo revela que o PCC está presente em 94 das 178 cidades com atividades do crime organizado na Amazônia, controlando 28 locais. O CV, por sua vez, está em 127 municípios, dominando 58, mas enfrentando disputas em locais antes hegemônicos.
Mais da metade da população na Amazônia Legal (59%) vive em cidades dominadas por facções ou sob disputa do crime organizado, refletindo em uma taxa de homicídios até cinco vezes maior do que a média nacional.
Além da disputa territorial, o PCC investe em narcogarimpos e busca alianças transnacionais. A exploração do ouro tornou-se uma atividade estratégica para a facção, movimentando bilhões. A Operação Narcos Gold, em janeiro de 2022, indiciou 29 criminosos ligados ao PCC, suspeitos de lavar mais de R$ 1 bilhão em garimpos no oeste do Pará.
A intensificação do tráfico e a presença do PCC nos garimpos geram não apenas lucros exorbitantes, mas também um rastro de violência. Ataques recentes na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, deixaram pelo menos 17 mortos em uma semana, com indícios de ligação ao PCC, destacando a extensão da crise e da violência desencadeadas por essa guerra pelo controle da Amazônia.
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