Geração de renda, promoção do uso das cadeias produtivas de frutas, além de valorizar os conhecimentos tradicionais dos municípios do Alto Solimões estão entre os principais objetivos de uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica no Amazonas (Painter), Edital n°. 003/2020.
O coordenador da pesquisa, Maximo Alfonso Rodrigues Billacrês, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pesquisador do Núcleo de Estudos Socioambientais da Amazônia (Nesam), identificou não somente os fluxos de produtos e subprodutos do ramo da agricultura no mercado interno e externo, mas também especificou os sujeitos integrantes das cadeias produtivas e da biodiversidade dos municípios da microrregião do Alto Solimões, composta por Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça, Tonantins, Jutaí e Fonte Boa.
Resultados da pesquisa
A pesquisa identificou as frutas com grande destaque na economia local, porém que no âmbito estadual não apresentaram relevância comercial ou então conhecimento e aprovação da população. “A região apresenta em seu mercado interno uma intensidade na comercialização de frutas (sazonais), no qual podemos destacar, com base nos dados coletados em Tabatinga, as seguintes: açaí, araçá, bacuri, biribá, camu-camu, cubiu, ingá, macambo, mapati, rambutã, sapota e umari”, afirma Maximo Billacrês, doutor em Biotecnologia.
O estudo identificou a intensa participação indígena no processo da economia local, visto que grandes quantidades de frutas são extraídas de terras indígenas, e também a participação da mulher para o complemento de renda familiar, uma vez que a participação feminina nos locais de comercialização é visível na etapa de venda das frutas.
O projeto, em andamento, encontra-se na fase de organização e tabulação de dados. Dessa forma, sobre as potencialidades, averiguou a diversidade de frutas existentes na região do Alto Solimões e suas possibilidades de uso, baseado no etnoconhecimento dos produtores. Quanto às limitações, colocou o aspecto logístico, isto é, a dificuldade do transporte desses produtos.
Impactos relevantes
Os resultados desse estudo podem impactar na economia da região do Alto Solimões de diversas maneiras. “Melhoramento e geração de renda, promoção e usos das cadeias produtivas de frutas, cultivos como mais uma geração de renda das unidades familiares, valorização dos conhecimentos tradicionais, promoção do uso sustentável da biodiversidade da faixa de fronteira e a promoção do desenvolvimento dos produtos regionais”, lista Maximo sobre as possibilidades de impactos na vida da sociedade local.
Por outro lado, o entendimento comparativo entre a cadeia de produção local/regional e a cadeia de produção global apontaram para os potenciais e fragilidades do aproveitamento da biodiversidade local e da sua inserção regional em cadeias de escalas diferenciadas.
Apoio da Fapeam
O coordenador do estudo intitulado “Cadeias produtivas sustentadas e sustentáveis: um diagnóstico da cesta frutífera da agricultura familiar do Alto Solimões” avalia que editais como o Painter são importantes para incentivar as pesquisas que já ocorrem nos municípios do interior do estado.
“Existem rarefações tecnológicas de informação no interior que dificultam e, em alguns casos, contribuem como cortinas que impedem a luminosidade de pesquisa científica no interior do Estado, realizadas por quem vivencia tais realidades. Diante disso, o nosso muito obrigado a Fapeam pelo financiamento e incentivo a pesquisa no interior do Estado do Amazonas”, afirma.
Sobre o Programa
O Painter fomenta a interiorização de atividades de pesquisa aplicada e inovação tecnológica por meio de indução em áreas estratégicas, especialmente a bioeconomia, para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado do Amazonas com a finalidade de aplicação de seus resultados na resolutividade/minoração de problemas específicos dos municípios do interior do Estado.