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Equipe de transição diz que recebe “herança perversa” de Bolsonaro

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Em tom político-eleitoral, relatório final faz inúmeras críticas ao governo anterior

A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nesta quinta-feira, 22, o relatório final dos trabalhos, e o tom que domina as 100 páginas (30 apenas com os nomes dos integrantes das comissões) é de crítica político-eleitoral ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A exemplo do Lula fez em 2003, quando assumiu a Presidência depois de oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) — um apoiador do petista nas últimas eleições — a equipe de transição também tenta afirmar que recebeu uma “herança maldita” de Bolsonaro. Mas, em vez de usar aquele adjetivo, fala em “herança socialmente perversa e politicamente antidemocrática deixada pelo governo Bolsonaro, principalmente para os mais pobres”.

“A desconstrução institucional, o desmonte do Estado e a desorganização das políticas públicas são fenômenos profundos e generalizados, com impactos em áreas essenciais para a vida das pessoas e os rumos do País”, escreveram os membros da equipe de transição, no relatório.

A equipe de transição diz que o governo de Bolsonaro chega ao fim “em meio a uma ameaça real de colapso dos serviços públicos”. Os supostos problemas são relatados em todas as áreas, incluindo educação, saúde, combate à fome, política ambiental e econômica e defesa civil.

Apesar de o PT e os apoiadores da transição afirmarem que existe o governo de Bolsonaro deixa uma herança perversa, os dados econômicos desmentem a situação de “caos” pintada pelo relatório.

No caso da inflação, quando o PT deixou o governo, com o impeachment de Dilma Roussef, em 2016, a taxa anual de inflação estava em 9% no Brasil e 1% nos Estados Unidos. Agora, a inflação brasileira está na casa dos 6,5%, inferior à norte-americana.

Outro dado bastante revelador é o crescimento da economia. Em 2016, o PIB brasileiro encolheu 4% enquanto a economia mundial cresceu 3%. Para 2022, o FMI estima que o Brasil crescerá quase 3%, mesmo porcentual projetado para a economia mundial.

Além disso, Dilma deixou o governo com uma taxa de desemprego próximo de 12%. Agora, a taxa é de cerca 8%, índice que só foi menor em 2015.

Para resolver esse “apagão” dos serviços públicos, a equipe “apresenta uma nova estrutura ministerial, mais adequada à agenda do novo governo eleito e ao seu compromisso com a reconstrução e transformação do país”. O relatório diz, ainda, que as conclusões dos 32 grupos setoriais que trabalharam na transição serão entregues aos futuros ministros.

O texto também sugere alteração ou revogação de decretos e leis aprovadas no governo Bolsonaro, “a exemplo das legislações que flexibilizam o controle e compra de armas, o garimpo em terras indígenas e a lei de acesso à informação”.

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