Tricampeão da Libertadores, o Flamengo iniciará a temporada 2023 com um desejo muito claro: voltar a ser campeão mundial depois de 42 anos. Grande símbolo da geração que em 1981 surpreendeu o Liverpool na vitória por 3 a 0, no Japão, Zico acredita que o time chegará mais forte desta vez do que em 2019.
O Galinho não vê o Real Madrid, adversário dos sonhos do Flamengo em uma eventual final, com uma diferença brutal na disputa. Zico diz acreditar que desta vez a equipe rubro-negra estará em melhores condições físicas de que contra os ingleses em 2019.
– Acho que o Flamengo, Palmeiras e até mesmo o Atlético-MG não ficam devendo a times da Europa. Vimos o próprio Flamengo contra o Liverpool. Agora acho que existe uma igualdade de condições, porque em 2019 o Flamengo chegou cansado. Com Everton Ribeiro e Arrascaeta juntos e em forma, é outra história. E naquele ano os dois tiveram que sair, porque era final de temporada.
– Nós, em 1981, tivemos uma final contra o Vasco no domingo e no domingo seguinte já viajamos para o Mundial. Não teve isso de comemorar. Em 2019, teve um intervalo maior com festa, premiação… Deram uma relaxada, e acho que isso foi fundamental. Agora, não. Os times estão praticamente recomeçando uma temporada. Então, não vejo o Real Madrid com uma diferença brutal – analisou o Galinho em bate-papo com o ge.
No Mundial, que será disputado entre os dias 1º e 11 de fevereiro, no Marrocos, o Flamengo já terá um novo camisa 10, já que Gabigol utilizará o número depois da saída de Diego. E será com a bênção de Zico.
Gabi e o Galinho são os únicos jogadores e marcarem gol pelo clube em finais de Libertadores.
– Vai estar bem entregue. Ele é um desses caras que criou uma identificação grande com o Flamengo, com a torcida. Isso é muito significativo. Viu a diferença do que é fazer no Flamengo, a repercussão que dá. Não pode desperdiçar essa chance. Mostra também que não é supersticioso. Gosto muito dele. Tem muita personalidade, e isso é importante. Sabe tomar as decisões. É um grande profissional, vive a vida dele, mas dentro do campo se entrega totalmente – afirmou Zico.
Para Zico, a grande interrogação do Flamengo neste início de temporada, que, além do Mundial, tem a decisão dos títulos da Supercopa e Recopa, será saber como o time reagirá a mais uma mudança de comando após a chegada de Vitor Pereira para a vaga de Dorival Júnior.
– Essa geração entendeu bem o que é representar ao Flamengo e estão nos dando muitas alegrias. Agora tem uma mudança grande na comissão técnica, e temos que ver como tudo vai funcionar com o novo comandante. Se tivesse a manutenção do Dorival era mais fácil saber o que esperar, porque o grupo conhece, formou um ambiente maravilhoso. Claro que agora com uma mudança as pessoas ficam esperando para ver como vai ser, até a forma de jogar. Cada técnico tem seu método.
– O Flamengo já tinha vencido duas competições, e no Brasileiro mesmo se ganhasse todos os jogos não seria possível passar o Palmeiras. Não ia adiantar nada. Acho normal relaxar um pouco. A queda nos últimos jogos acho que foi em função disso, de saber que o Palmeiras estava inteiro. Não acho que deu prejuízo financeiro, porque perdeu de um lado e ganhou de outro – afirmou Zico.
Zico volta a jogar no Maracanã no Jogo das Estrelas
Aos 69 anos e totalmente recuperado de uma cirurgia no quadril, Zico voltará a pisar no gramado do Maracanã. Dia 28 de dezembro está marcado o já tradicional Jogo das Estrelas organizado por ele e pela família, com a presença de astros do presente e do passado. Mais de 30 mil ingressos já foram vendidos.
– Meu problema maior não é nem a cirurgia no quadril, é o joelho que complica. Não tenho força para cobrar uma falta, um pênalti, porque não tenho mais o apoio no joelho. Se a bola vier rolando, ainda sai forte. Por mais que eu faça musculação, o joelho dói. Cada batida no gramado dói. Da prótese no quadril eu nem lembro mais. Está tudo bem. Vai ser mais uma partida para fechar bem o ano e dar a ajuda ao pessoal que precisa. É uma confraternização legal. E voltar ao Maracanã é especial – disse o Galinho.
O evento não teria jogadores do atual elenco do Flamengo em campo porque o time já começa a pré-temporada no dia 26 de dezembro, mas Arrascaeta, que estava na Copa do Mundo e entrou de férias depois, teve a presença confirmada. Existe a expectativa de que outros atletas compareçam apenas para saudar os torcedores junto com as taças da Copa do Brasil e Libertadores.
Uma das maiores promessas do futebol brasileiro, o atacante Endrick, do Palmeiras, está entre os confirmados e terá a chance de pegar alguns conselhos com Zico.
– Ainda vi pouco, apenas alguns jogos pelo Palmeiras, em que ele fez até gol. Tem tudo para ter um futuro excelente. Muito boa massa muscular e técnica. Aqui ele já está em cima, no profissional, já foi campeão… Se tiver a mesma perseverança do Vini Jr, se tiver um técnico que goste, é muito importante para a evolução dele.
O futuro da seleção brasileira após a Copa do Catar
Durante a Copa do Mundo, Zico passou um período no Catar para cumprir compromissos profissionais. Passada a disputa do Mundial, ele diz acreditar que a escolha do técnico que irá ocupar o lugar de Tite será muito importante para se desenhar qual será o rumo do time brasileiro.
O Galinho acredita que Lionel Scaloni, treinador da Argentina, foi um bom exemplo de um trabalho de um profissional que tinha seu grupo na mão e, claro, contou com a genialidade de Messi para decidir as partidas.
– Nossa seleção é boa, tem jovens que passaram por uma experiência boa. Agora é saber como vão lidar daqui para frente. A seleção de 2014 tinha gente boa, mas pelo que aconteceu muita gente não voltou mais. Vai depender muito também de quem chegar para comandar. Tem o gosto, forma de jogar… Estamos na espera se vai ser brasileiro, estrangeiro…
– Mas foi legal ver a Argentina ganhar com um técnico argentino que não tem muita experiência, mas víamos que tinha o respeito e carinho de todos do plantel. Antes mesmo da conquista era possível ver. E ele mudou um pouco isso de que em time que está vencendo não me mexe, porque fez alterações em todos os jogos. Talvez por ter um cara diferenciado como o Messi ele tenha esse direito de mexer, porque, no fim, quem decide os jogos é o cara – disse.
Maradona ou Messi? Quem é maior?
– Acho que estão no mesmo patamar. O grau de dificuldade do Maradona foi maior, mas a longevidade do Messi foi maior. A marcação na época do Maradona era maior, hoje não existe o homem a homem. Com o Maradona era todo jogo. Quando tem sempre um, o próprio companheiro não dá a bola. Aquela época tinha muito disso. Eu mesmo brigava com meus companheiros para receber a bola, independente de estar marcado.
– Quem jogou na Itália naquela época sabe como era. Era homem a homem mesmo. Hoje não tem mais isso. Se você deixar um gênio levantar a cabeça e pensar, vai sofrer. O Pelé a gente afasta dessa discussão, não precisa nem entrar.
*Com informações GE