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Último capítulo de “Pantanal” tem beijo Gay, que não foi exibido em 1990

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Beijo gay no final de ‘Pantanal’ redime o autor que disse “odiar história de bicha”

Responsável pela adaptação do texto original de ‘Pantanal’, Bruno Luperi ousou ao modificar o final de Zaquieu (Silvero Pereira). 

Na versão de 1990, na TV Manchete, o peão homossexual terminou sozinho, sem o amor que tanto desejava.

Desta vez, foi diferente. Na festa de casamento coletivo dos Leôncios, ele percebeu o interesse de outro peão, Zoinho (Thommy Schiavo).

Tirado para dançar, acabou dando um beijo na boca do companheiro de lida. Os convidados vibraram com a manifestação de afeto.

Serviu como desforra à censura feita pela Globo ao beijo gay entre o peão Zeca (Erom Cordeiro) e o fazendeiro Júnior (Bruno Gagliasso) no último capítulo de ‘América’, em 2005.

Esse desfecho simbólico contra a homofobia em ‘Pantanal’ repara declarações preconceituosas do avô de Luperi, o autor original de ‘Pantanal’, Benedito Ruy Barbosa. 

Em abril de 2016, na festa de lançamento de ‘Velho Chico’, o novelista suscitou polêmica. “Odeio história de bicha”, disse diante da imprensa.

“Pode existir, pode aceitar, mas não pode transformar isso em aula para as crianças.”

Comentou ainda sentir “puta orgulho” por seus netos e bisnetos serem “tudo macho pra cacete”. Ao notar o espanto geral, tentou se explicar melhor. 

“Não sou contra, não acho errado. O que acho é que quando eu tenho na mão 80 milhões assistindo minha novela, tenho que ter responsabilidade com as pessoas que estão me assistindo.” 

Benedito, hoje com 91 anos, insistiu na ocasião em falar a respeito da presença de representantes da comunidade LGBTQIAP+ na teledramaturgia. 

“Tenho que saber que tem muito pai que não quer que o filho veja, porque eles não sabem explicar, não sabem como colocar. Muita gente reclama disso para mim”, argumentou.

“O que não é justo é você transformar: só é normal o cara que é bicha, o que não é bicha não é normal. A mulher que é sapatona é perfeita, a que não é sapatona não é legal. É assim que estamos vivendo.” 

Na época, vários famosos criticaram o autor. Entre eles, o também dramaturgo Aguinaldo Silva, gay declarado, criador de sucessos como ‘Tieta’ e ‘Senhora do Destino’. 

Apesar do discurso de teor homofóbico, Benedito Ruy Barbosa deu vida a um personagem LGBT+ histórico, a intersexo Buba (Maria Luísa Mendonça) de ‘Renascer’ (1993).

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