Os idosos brasileiros estão cada vez mais ativos. Vão ao mercado, ao médico, visitam netos, participam de grupos e até arriscam uma caminhada no shopping. Querem autonomia e têm direito a ela. Mas quando o assunto é mobilidade, muita gente ainda trava no mesmo ponto: a tecnologia.
É o caso de Maria Augusta Oliveira, de 78 anos, moradora de Vitória (ES). Ela até tentou usar aplicativos de transporte por conta própria, mas acabou desistindo.
“Sempre tive dificuldade de saber onde encontrar o motorista, principalmente quando não estava em casa. Já perdi várias corridas por isso. E não tenho facilidade de trocar mensagens no aplicativo”, conta.
A gota d’água foi uma confusão no método de pagamento. “Achei que estava pagando no cartão, mas o motorista falou que era em dinheiro. Fiquei desesperada, não tinha nada na carteira. Por sorte, minha filha estava me esperando e pagou”, lembra.
Hoje, é a filha quem pede os carros por ela. Mas isso também tem seus entraves. “Ela trabalha, não pode parar toda hora. Tenho que ligar, perguntar onde esperar… não é fácil. Se o serviço fosse mais simples, eu usaria, pois não posso mais dirigir”, desabafa.
Histórias como a de Maria Augusta são comuns em todo o Brasil e foi justamente esse tipo de situação que levou a Uber a lançar a Conta Sênior, um novo recurso do aplicativo pensado especialmente para pessoas com mais de 60 anos.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos, e esse número deve chegar a 75,3 milhões até 2070. Apesar do crescimento dessa população, apenas 10,5% dos idosos usam aplicativos de transporte, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). A principal barreira? A dificuldade com os aplicativos.
Foi o que aconteceu com o seu Walter Lima, de 73 anos, morador de Recife. Ele conta que demorava tanto para entender o caminho da viagem que o motorista já tinha cancelado.Continua após a publicidade
“Eu abria o aplicativo, via um mapa, um monte de coisa escrita, e não sabia onde clicar, onde encontrar o motorista. Era estressante. Um dia, cheguei a chorar de raiva. Minha neta chegou a pedir para mim algumas vezes, mas o motorista chegava procurando pela Bruna e aparecia eu, uma confusão”, diz. Depois disso, passou a usar apenas táxi de ponto.
Como funciona a “Conta Sênior” da Uber
Pensando nesse tipo de situação, a Uber redesenhou parte da experiência do aplicativo para criar a Conta Sênior, uma versão com textos maiores, menos etapas e visual mais intuitivo. Além disso, endereços que a pessoa visita sempre, como a casa, o consultório médico ou o mercado, podem ser salvos pelo próprio usuário ou pelo familiar, agilizando na hora de solicitar a viagem.
O serviço foi lançado inicialmente como piloto em Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza, e pode ser ativado por familiares por meio do Perfil Familiar da plataforma.
Quem gerencia a conta do usuário idoso pode acompanhar a viagem no aplicativo, com atualizações constantes. Familiares e cuidadores também podem intervir quando for preciso, seja pedindo viagens pelo próprio celular em nome do usuário da conta sênior, mudando endereços salvos, definindo um método de pagamento compartilhado ou até ligando para o motorista parceiro a qualquer momento durante a viagem.
A ideia é que um parente (filho, neto, cuidador) possa configurar e acompanhar a conta do idoso, ajudando no momento do pedido e no gerenciamento do pagamento. O recurso permite, inclusive, que esse suporte venha de outra cidade, o idoso e o familiar não precisam estar no mesmo local.Continua após a publicidade
“Com a conta sênior, usuários idosos podem se manter ativos, independentes e conectados de um jeito fácil”, explica Sílvia Penna, diretora geral da Uber no Brasil.
Para configurar, é simples: basta acessar o menu do app, selecionar Configurações, ir até Perfil Familiar e convidar o idoso desejado. Ele recebe um link para baixar ou ativar o aplicativo com a versão adaptada.
