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Senador Omar Aziz visita interior do AM com jatinho que já foi apreendido na operação ‘Maus Caminhos’

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O avião Cessna 560XLS prefixo PR-TRJ foi apreendido em setembro de 2016 na Operação Maus Caminhos, em que o parlamentar foi investigado.

O senador Omar Aziz (PSD) estaria utilizando um jatinho particular, o avião Cessna 560XLS prefixo PR-TRJ, que já foi apreendido pela Operação ‘Maus Caminhos’ deflagrado pela Polícia Federal (PF).

A PF identificou que a empresa Rico Taxi Aéreo seria a responsável por operar a aeronave, que se encontra registrada em nome da empresa Lugarfix Sociedad Anonima, sediada no Uruguai, país qualificado como paraíso fiscal permitindo a ocultação de patrimônio, de acordo com informações publicadas pelo portal In9, neste domingo.

O senador utilizou a mesma aeronave para visitar os municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro este fim de semana. A denúncia que chegou até a redação do portal in9, é de que o senador estaria em atividade referente ao exercício do mandato, porém há suspeitas de que Omar esteja utilizando a estrutura e verba de gabinete de seu mandato para fazer pré-campanha à reeleição. O jato em questão é o que aparece na foto de prefixo PT-TRJ. O Cessna Aircraft foi objeto da apreensão pela Policia Federal, porque pertenceria ao médico Mouhamed Mustafa, mas a empresa proprietária dele provou na Justiça que o principal acusado dos desvios na Saúde do Amazonas apenas o utilizava como táxi aéreo. Por isso, os proprietários acabaram conseguindo de novo a sua posse.

Não há nada que impeça o senador de fretar a aeronave. O que é, no mínimo estranho, é que Omar Aziz, citado na operação ”Maus Caminhos” apareça agora, justamente utilizando esta aeronave.

Em uma das fotos postadas pela própria assessoria do senador, a decoração de um dos palanques, em uma cidade do rio negro, ostenta as cores do seu partido o PSD.

Com tanta gente envolvida na operação “Maus caminhos“ utilizando essa aeronave, há de se estranhar e levanta-se uma suspeita. Quem é o verdadeiro dono dessa aeronave?

Em uma pesquisa rápida feita pela nossa equipe no site da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) o jatinho em questão pertence a Lugarfix Sociedad Anonima, sediada no Uruguai e tem registro de operação no Brasil para a empresa Rico Linhas Aéreas.

Entenda a operação “Maus Caminhos”
A Operação Maus Caminhos envolvia uma sociedade entre o médico Mouhamad Moustafa, um primo dele que é um político e o dono do SBT no Amazonas. O nome do político e a identidade do proprietário do SBT não foram citados por Mouhamad em conversa telefônica interceptada pela PF. A polícia nvestiga para tentar descobrir a identidade dos envolvidos e qual o ramo de negócios do SBT.

Na conversa, Mouhamad diz que teria 60% de participação na sociedade.

A Polícia Federal descobriu que Mouhamad realmente fazia uso da aeronave, tendo sido registrado seu desembarque no dia 31 de maio de 2016, junto com a família, em Manaus. “A busca realizada na empresa Rico Táxi Aéreo reforça a relação de Mouhamad com o referido bem, uma vez que foram encontrados 19 guias que documentavam os voos realizados pela aeronave em questão. Sendo assim é possível afirmar que o médico viajou ao menos 19 vezes como cliente do PR-TRJ entre fevereiro e julho de 2016”, cita a PF em relatório da investigação.

Com relação aos dados bancários, a PF identificou 18 transferências para a Rico Táxi Aereo, no período de aproximadamente um ano, no total de R$ 1,550 milhão.

O médico disse na época que estava negociando a saída da sociedade para adquirir um outro avião. A compra seria nos Estados Unidos. Segundo ele, os sócios iriam comprar sua parte no negócio.

Em outras conversas interceptadas pela PF, Mouhamad fala de seus compromissos com ‘terceiros’ e afirma que terminando alguns deles, pretende se manter em associação apenas com o ‘Villa Mix’.

Vale destacar que não é ilegal que o senador de frete a aeronave, só parece curioso que ele sendo investigado na Operação Maus Caminhos apareça agora, justamente utilizando o avião Cessna 560XLS prefixo PR-TRJ.

Sobre o Jatinho
A aeronave foi apreendida na Operação Maus Caminhos sob suspeita de pertencer ao médico Mouhamad Moustafa, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como líder do esquema criminoso, que desviou R$ 104 milhões da Saúde do Amazonas entre 2014 e 2016, e ter sido adquirida com recursos de origem ilícita. Em uma das sentenças em que o médico foi condenado, a Justiça Federal decretou o perdimento do avião em favor da União.

Foto: Reprodução

Em agosto de 2020, após a empresa Lugarfix S/A comprovar ser a legítima proprietária e a Rico Táxi Aéreo ser a arrendatária operacional da aeronave, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspendeu a nomeação da Polícia Militar de Minas Gerais como depositária fiel e devolveu o avião à Rico Táxi Aéreo. Em seguida, o governo mineiro apresentou o recurso no STJ, que foi negado no último dia 2 de setembro.

No último dia 25 de agosto, a Revista Crusué publicou reportagem afirmando que o avião, que deveria ser destinado somente “ao combate à violência e à promoção da segurança pública”, foi usado pelo governador Romeu Zema (Novo) em agenda política e também pelo presidente do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), desembargador Nelson Missias de Moraes e outros magistrados.

De acordo com a revista, as informações foram descobertas pelos donos do avião quando foram buscar a aeronave e tiveram acesso aos planos de voo do período. O governo mineiro informou que, dos 56 voos realizados pela aeronave, “30 foram destinados diretamente a ações de segurança pública, seis para ações emergenciais de enfrentamento à pandemia da Covid-19”.

O governo do Estado também confirmou que o jatinho foi usado 20 vezes para transporte de autoridades estatais. Segundo nota enviada à revista, o objetivo desses deslocamentos era “atrair investimentos, desenvolver políticas públicas e garantir a retomada de economia do Estado”.