O risco de interferência do governo nos preços dos combustíveis dificulta a venda das refinarias da Petrobras, afirmou o diretor de Exploração e Produção da estatal, Fernando Borges, que vê mais facilidade nos desinvestimentos no setor de gás, que também passa por um processo de quebra de monopólio.
“Porque ninguém construiu refinaria desde 1997 [abertura do mercado]? O preponderante é o risco de interferência no preço, a margem é pequena e se você controla o preço na refinaria, pode operar com margem negativa. A gente viveu isso no passado recente”,
disse Borges em evento online promovido pela agência EPBR, referindo-se aos governos do PR, principalmente o de Dilma Rousseff (2011-2016), que manteve os preços congelados por longos períodos.
De acordo com o executivo, mesmo com o TCC (Termo de Compromisso de Cessação) assinado pela Petrobras com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), de vender metade da sua participação no refino, quebrando assim um monopólio de décadas, existe um temor dos investidores de que o controle dos preços volte, devido à alternância de poder no País.
“Hoje [o medo da interferência] é um dos riscos que não está tornando fácil a Petrobras vender suas refinarias. Esse histórico de interferência no Brasil é longo, e quando se tem alternância de governo, pode ter um outro que acha que é a solução controlar preço e coloca esse desafio na desconcentração do refino”, explicou.
Após as vendas, que têm prazo até o final deste ano para serem concluídas, determinado pelo Cade, a Petrobras ficará com uma capacidade de refino de 1,1 milhão de barris diários.