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Rio Negro: seca severa impacta vida de ribeirinhos e restaurantes flutuantes

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O cenário no Rio Negro em Manaus revela a gravidade da seca severa que atinge a região. O chão rachado agora ocupa áreas antes submersas, enquanto árvores que serviam de marcadores naturais exibem as marcas das cheias passadas, como a de 2020, e os níveis mais baixos de 2024. No lago do Tarumã, na zona Oeste, a paisagem com moradias e restaurantes flutuantes mudaram completamente. A informação é do g1 Amazonas.

Nesta sexta-feira (27) o nível do Rio Negro está em 13,73 metros, 1,03 metro, acima da cota mais baixa já registrada em 121 anos: 12,70 metros. Por conta da estiagem, a capital declarou situação de emergência válida por 180 dias.

“O Negro agora está em uma descida bastante intensa. Saiu da faixa de normalidade e está em níveis abaixo do esperado para a bacia”, informou o pesquisador André Martinelli, do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

No lago Tarumã, o píer que se ligava à água agora está na lama e o acesso que era feito de barco se tornou uma caminhada sobre o barro. Para empresários como Diogo Vasconcelos, a situação é crítica, já que há mais de dez dias, ele precisou fechar seu restaurante flutuante.

“A gente precisa da água para movimentar os banheiros, fazer o tratamento de esgoto, essa coisa toda. Então o cenário fica completamente prejudicado, e a única forma que a gente teve foi parar. É um prejuízo financeiro, um prejuízo psicológico. A gente, com certeza, tem um impacto muito grande”, desabafou.

Outros pontos tradicionais, como a Marina do Davi, também sofrem com a estiagem. Embarcações que antes encostavam na beira da pista agora estão distantes, forçando adaptações para atender às comunidades ribeirinhas.

O piloto de lancha, Nildo Teles, conta sobre as dificuldades. “Antes era possível transportar até 50 passageiros, mas agora, com o nível baixo, só conseguimos levar 10, porque esse tipo de barco com esse motor específico anda na flor da água, com um palmo de água a gente consegue andar e o motor de popa já não consegue andar mais”, explicou.

A crise afeta também a rotina dos ribeirinhos. A estudante Alice, por exemplo, sai de casa ainda de madrugada para pegar a canoa e enfrentar um longo percurso até a escola em Manaus.

“Eu acordo todos os dias às 03h50 para poder me arrumar e chegar a tempo na beira para pegar a canoa. Até que o rio volte ao normal vai ter que ser assim”, contou.

Com o cenário ambiental crítico devido à combinação de seca dos rios e queimadas, 560 mil pessoas já enfrentam os efeitos da seca no Amazonas. Cidades têm dificuldades de receber insumos, há aumento no preço de produtos e comunidades indígenas e ribeirinhas podem ficar isoladas.

Todos os 62 municípios do Amazonas foram declarados em estado de emergência devido à seca severa e às queimadas que afetam o estado este ano. A informação foi divulga pelo governador Wilson Lima, que também assinou um decreto para declarar situação de emergência em saúde pública em razão do período de vazante dos rios.