Por: Evandro Lobo
Apesar de um ritmo decrescente o vírus da Covid 19 ainda está por aí. A pandemia ainda não foi oficialmente afastada ou encerrada. E por mais que já estejamos de certa forma “conformados” e confortáveis, sem nossas máscaras, com as vacinas no braço, sem o perigo das internações, entubações e outros pânicos, demônios e pandemônios que nos assustaram há três anos, cuidados nunca são demais, ou seja, não vamos baixar a guarda e, acima de tudo, não vamos esquecer, desmerecer tudo por que passamos. Afinal, ainda temos mais de 600 mil motivos para chorar, lamentar e refletir por que e como se chegou a essa situação até aqui.
São mais de 25 milhões de casos e mais de 600 mil mortos e não são apenas números. Nunca serão. Se multiplicarmos pelas vidas do familiares, profissionais de saúde envolvidos, se avaliarmos bem além da mera estatística, vai-se ver que a extensão dessa tragédia é imensurável. Principalmente quando se tenta buscar as razões de elas terem ocorrido, ou ter-se permitido que ocorressem e chegassem a tanto.
Realmente não dá pra ignorar ou simplesmente contabilizar os que conseguiram ou não passar por essas “ondas”, como surfistas de tormentos. Não são apenas números. Nunca serão.
O vírus pode até ter voltado a ser invisível aos olhos da mídia, mas as irresponsabilidades, com certeza não. Na verdade as competências ou incompetências ficaram bem evidentes. E nem é preciso recorrer a um microscópio para “ver” de onde partiram, estacionaram ou retrocederam as medidas de combate à Covid 19.
Mas de todos os males provocados pelo Novo Coronavírus, como a incrível negação da gravidade da doença pelo próprio presidente da República, as suspeitas de corrupção na compra de remédios e vacinas e outros tantos imbróglios, o maior problema foi a IGNORÂNCIA, A VIOLÊNCIA E O ÓDIO despertados, exacerbados em diversas situações envolvendo justamente a luta pela prevenção e preservação da vida.
O que se viu foi que o vírus corroeu o corpo, ameaçou a resistência física, mas infelizmente afetou a alma de inumanos a ponto de se negarem a se vacinar ou impedir os filhos de se vacinarem pela simples resistência ignorante ou de adesão a ideias fascistas.
O que se espera é que o grito silencioso das milhares de vidas ceifadas não se perca no limbo das discrepâncias, e ecoe nas consciências limpas, saudáveis e abertas ao fato de que não precisamos de pandemias ou epidemias pra resgatar o que há de bom em todos nós.
Espera-se, enfim, que não seja preciso mais perdas e danos para mostrar a outras vidas que vidas humanas são importantes e não podem ser tratadas apenas como estatística, dados e planos. Não são apenas números. Nunca serão.