Um vídeo do discurso de Luciane Barbosa Farias, conhecida como “Dama do Tráfico”, mulher de um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas, no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania está circulando nas redes sociais. A gravação mostra Luciane falando contra a revista íntima em presídios.
Ela participou do 4º Encontro Nacional dos Comitês de Prevenção e Mecanismos de Combate à Tortura, em 6 e 7 de novembro, no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Tanto as passagens aéreas de Luciane, que mora em Manaus, quanto as diárias para permanecer em Brasília, foram pagas pelo ministro comandado por Silvio Almeida.
No evento, ela se identifica como membro do Comitê de Combate e Prevenção à Tortura no Amazonas e da Associação Nacional das Famílias de Presos, além de presidente ONG Instituto Liberdade do Amazonas, que é financiada pelo Comando Vermelho, segundo investigação policial.
No vídeo, a “Dama do Tráfico” criticou as revistas íntimas nos presídios, feitas para evitar que familiares levem aos presos objetos proibidos, como drogas, escondidos no corpo. “Aqui eu peço também que seja vista a situação das visitas”, declarou. “Que nós, familiares, quando vamos visitar, temos um problema muito grande com a revista vexatória.”
A Dama do Tráfico também usou as crianças como motivo para proibir as revistas íntimas. “As crianças são revistadas, baixa a fralda da criança, põe a criança no chão”, disse a dama do tráfico. “É inadmissível que a pena do preso passe para o familiar. Isso é inconstitucional. Então eu peço socorro pelo Estado do Amazonas e reitero pelas mesmas unidades prisionais que passam pela mesma mazela.”
Condenada a dez anos de prisão, ‘Dama do Tráfico’ é casada com líder do Comando Vermelho
O marido de Luciane, Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas”, um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas, cumpre pena no presídio de Tefé (AM). Ele foi condenado a 31 anos por tráfico de drogas e outros crimes. Luciane também foi condenada por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A pena imposta foi de dez anos, mas ela recorre em liberdade.
O Ministério de Direitos Humanos admitiu na quarta-feira 15 que custeou as despesas de Luciane, indicada pelo comitê do Amazonas para participar do evento. A oposição já elabora um pedido de impeachment de Almeida.
O ministro Flávio Dino também deve enfrentar um pedido de impeachment. Luciane participou de duas reuniões no Ministério da Justiça com assessores diretos de Dino.