Uma operação da Polícia Federal encerrada nesse sábado (2) destruiu 302 balsas usadas pelo garimpo ilegal no Rio Madeira, no estado do Amazonas.
Com apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), os policiais federais percorreram 1,5 mil quilômetros do Rio Madeira, passando por cinco municípios amazonenses com objetivo de combater o garimpo ilegal na região. Os municípios alvo da operação foram: Autazes, Nova Olinda do Norte, Borba, Novo Aripuanã e Manicoré.
“A prática da atividade na região, além de causar danos ao meio ambiente e à saúde pública em virtude da contaminação do rio por mercúrio e cianeto, também interfere na cultura de povos tradicionais, uma vez que áreas indígenas chegaram a ser invadidas pelos criminosos”, informou, em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Federal.
PF inutiliza 302 balsas de garimpo ilegal no Amazonas – Polícia Federal/Divulgação
Apelidada de Draga Zero, a operação faz referências às estruturas, chamadas de dragas, usadas na extração do ouro e outros minérios de dentro dos leitos dos rios.
Nas imagens disponibilizadas pela PF, é possível ver várias balsas próximas umas das outras em chamas no Rio Madeira.
Humaitá
No município as balsas estão encostadas desde o Porto das Balsas até a entrada do Rio Been. As embarcações além de local de trabalho, são também casas com famílias inteiras. “Aqui estão nossos pertences, nossas famílias, nossa vida”, diz um garimpeiro.
José Pereira de Figueiredo, é de Humaitá e há 30 anos trabalha no garimpo. “Queremos negociar. Legalizar a profissão e ter uma licença ambiental para trabalhar com segurança. É daqui que tiramos o sustento, pagamos nossas contas. É uma das piores operações. Tá destruindo tudo”, afirma seu Zé.
Assustados muito preferem nem falar, mas todos querem algo em comum, o fim da operação e uma mesa de negociação. Após o pronunciamento do vereador Dr. Valdeir Malta na terça-feira, 29, na Câmara de Vereadores, o presidente do parlamento sugeriu uma audiência pública para discutir o assunto.
“Precisamos envolver todos os agentes políticos nesta conversa. O diálogo é a melhor saída, ouvir todos os lados e chegar a um consenso”, afirmou Manuel Domingos.
O prefeito Dedei Lobo está acionando nos bastidores os aliados na Câmara Federal e no senado. O que surtiu efeito com discursos no parlamento nacional em defesa do diálogo, e pelo fim imediato da operação. A prefeitura de Humaitá encaminhou uma série de ofícios aos órgãos federais e do estado para o fim da operação, e o inicio de uma negociação.
“Queremos acreditar que até segunda-feira, 4, tenhamos respostas. Precisamos esgotar todos os meios legais para promover o bom senso”,
disse o prefeito.
Na sexta-feira, 1, pela manhã Dedei Lobo autorizou as secretarias municipais de Assistência Social e Saúde a organizarem equipes. Estas equipes vão realizar um levantamento e um atendimento as famílias impactadas pelas ações.
“Tem crianças, mães, todos cidadãos que merecem nossa atenção”,
frisou o prefeito.
Neste sábado foram realizadas as primeiras ações neste sentido.
O educador e servidor público Marley Machado Martins ‘Pelé’ acompanhou nossa reportagem neste sábado. Pelé está preocupado com a destruição de equipamentos, e viu de perto um pouco da rotina de famílias estão nas embarcações na Orla de Humaitá. O movimento de trazer para a cidade as embarcações não é só de defesa dos garimpeiros, mais também de pedido de ajuda. “Eles querem uma solução”, afirmou Pelé.