Manaus/AM – A Polícia Federal deu detalhes, na manhã de hoje (12), de como funcionava o esquema de câmbio ilegal, que era operado por um doleiro de Manaus. O homem foi preso, mas não teve o nome divulgado.
Segundo o delegado João Marcello Uchôa, o suspeito usava a empresa dele, “Amazônia Câmbio”, que funciona no Edifício Antônio Simões, no Centro de Manaus, para operar em duas modalidades: câmbio paralelo e dólar-cabo.
“O câmbio paralelo nada mais é que a troca de moeda estrangeira sem a devida documentação e sem o recolhimento de impostos, especialmente o Imposto de Operações Financeira (IOF)”, diz.
Na modalidade dólar-cabo, o homem agia como um intermediário, para receber ou enviar dinheiro de clientes para o exterior clandestinamente.
“Ele também realizava operações de dólar cabo, que é uma espécie de evasão de divisas em que a pessoa promove a entrada ou saída de valores sem o conhecimento dos órgãos de fiscalização e do Banco Central. Esse tipo de conduta, é normalmente procurada por pessoas que possuem domicílio fiscal no Brasil, possuem dinheiro em contas e precisam fazer a saída desses valores sem que tenham o pagamento de impostos. Normalmente isso está atrelado a dinheiro de origem ilícita. Essa pessoa procura o doleiro, esse doleiro age como um intermediário e por meio de sua rede de contatos, consegue fazer a saída desses valores para outros países”, enfatiza João Marcello.
No decorrer das apurações, a PF descobriu ainda que o doleiro possui várias contas no exterior e em paraísos fiscais.
“Há indicativos, por exemplo, de que esse doleiro investigado tenha contas em países como a República Dominicana, China e Estados Unidos”.
As investigações sobre o caso começaram em 2022, depois que o acusado tentou embarcar em um voo de Manaus para São Paulo com R$ 150 mil escondidos em uma mala. O dinheiro estava encoberto por revistas e papéis carbono, possivelmente como forma de esconder o conteúdo quando a mala passasse pelo raio-X.
Outro ponto que levantou suspeitas da polícia é o fato das transações financeiras serem feitas nos nomes de pessoas que moravam em outras cidades onde não haviam agências correspondentes do doleiro.
“As operações eram realizadas para pessoas que não residem no locais onde a empresa funciona, nem nas suas correspondentes cambiais, assim como venda de moeda em valores quebrados diferentes de 0,5, que é muito incomum. Então, a partir daí, diante desse relatório e do pedido da Polícia Federal, foi determinada a suspensão das atividades dessa casa de câmbio e de 38 correspondentes cambiais, pelo prazo de 180 dias, até que seja apurada a participação da forma como foram realizadas essas condutas criminosas”, finaliza o delegado.