“Nossa avaliação é de que o resultado já foi alcançado. Chegou a ser melhor do que esperávamos, principalmente após aquele primeiro movimento de evasão. O trabalho acabou avançando em uma área até maior do que imaginávamos. Mas é claro que, se vierem de novo, haverá nova operação”, disse o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Leandro Almada ao Estadão, nesta segunda-feira (29), encerrando a operação das forças de segurança contra o garimpo na região do rio Madeira, onde ele é proibido.
Depois de três dias de atuação, a Operação Uiara destruiu 131 dragas e balsas. Três pessoas foram conduzidas à delegacia da PF por terem encontrado alguma quantidade de ouro com elas e não houve nenhum registro de violência, uso de força ou disparo de arma de fogo, segundo Leandro Almada. “Tínhamos que dar uma resposta forte e a gente conseguiu. Esse é o resultado em 48 horas de operação”, disse Almada.
Mourão confirma
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também afirmou o encerramento da operação. “O garimpo já foi devidamente dispersado”, disse ele ao Estadão. “Mas tem que manter vigilância constante, porque tem ouro lá. Se não houver vigilância constante, o pessoal volta”, afirmou Mourão na chegada ao Palácio do Planalto. “Tinha que ter feito da forma como foi. Quem está ilegal, tem que ter equipamento destruído ou apreendido”, reforçou.
Não chegaram a Borba
Segundo o delegado informou, as ações se concentraram mesmo na região entre os municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte e, apesar da apreensão dos garimpeiros que se reuniram em Borba e Manicoré e fizeram manifestações de protesto, as embarcações não chegaram a essas cidades. Almada disse que a decisão de não ir até a região deve-se a uma questão de autonomia dos equipamentos utilizados na operação.
“Nossa avaliação é de que o resultado já foi alcançado”, disse ele.
Investigação de contaminação
Nesta segunda-feira (29), agentes da PF estão recolhendo amostras de cabelo de moradores da região de Autazes. O objetivo é verificar, a partir de testes, se há alguma quantidade de mercúrio presente no organismo da população. A substância utilizada no processo de separação do ouro da argila é prejudicial à saúde e ao meio ambiente. “Vamos fazer esse levantamento e buscar a prova material da contaminação”, disse Almada.
Prefeito promete indenização
Na cidade de Humaitá – longe da região dos conflitos mas também na calha do rio Madeira e também com potencial aurífero alto – o prefeito Dedei Lobo (PSC) se reuniu com garimpeiros de seu município na manhã desta segunda-feira (29). Ele garantiu que vai indenizar aqueles que moram em Humaitá e que tiveram todo o seu material queimado na Operação Uiara. “Esses garimpeiros terão ajuda financeira da prefeitura”, disse ele. Na reunião estavam presentes representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, vereadores e lideranças do grupo de garimpeiros.
No Congresso Nacional
O prefeito Dedei Lobo também vai capitanear uma mini comitiva a Brasília nesta terça-feira (30), para conversar com a bancada amazonense no Congresso Nacional.
