Menu

O presidente do Senado, Alcolumbre, repreende Plínio Valério por fala sobre “enforcar” Marina Silva; senador rebate

WhatsApp
Facebook
Telegram
X
LinkedIn
Email

Alcolumbre repreendeu nesta quarta-feira (19) o senador Plínio Valério (PSDB-AM) por uma declaração sobre “enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. No último dia 14, Plínio disse que “tolerou” a ministra por mais de seis horas em uma audiência da da CPI das ONGs, em novembro de 2023, “sem enforcá-la”.

Durante um evento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) no Amazonas, o senador amazonense disse: “Marina esteve na CPI das ONGs por 6 horas e 10 minutos. Imagine o que é tolerar Marina Silva 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la”.

Alcolumbre afirmou que a declaração é um “combustível” para casos de violência em um país já polarizado. “Uma fala de um senador da República, mesmo que de brincadeira ou com tom de brincadeira, agride, infelizmente, o que nós estamos querendo para o Brasil”, disse.

“Estamos vivendo em um país dividido e polarizado, o que está fazendo mal para as pessoas, e uma fala dessa só serve como combustível para essas agressões que estamos vendo nas famílias e na sociedade brasileira, onde todos acham que têm o direito de ofender e agredir uns aos outros”, afirmou o presidente do Senado.

Plínio afirmou que a fala foi “uma brincadeira” e disse ter visto “com tristeza” a reprimenda pública de Alcolumbre. “O senhor deveria ter conversado comigo antes de fazer isso, porque pegou mal ‘pra cacete’”, disse Plínio ao discursar na tribuna.

Segundo ele, Marina foi tratada com “toda decência”. Contudo, o senador, que presidiu o colegiado, apontou que ficou irritado diante das negativas da ministra em liberar obras na BR-319, rodovia vital para o Amazonas, informou a Agência Senado.

“Por ser mulher, por ser ministra, por ser negra, por ser frágil, foi tratada com toda a delicadeza; ela sabe disso. Um ano se passou e eu fui receber uma medalha e, na brincadeira, em tom de brincadeira, eu falei, falando da BR-319, eu disse: ‘Imaginem o que é ficar com a Marina seis horas e dez minutos sem ter vontade de enforcá-la’. Todo mundo riu, eu ri, brinquei. Foi brincadeira”, afirmou Plínio ao discursar na tribuna.

O senador do PSDB apontou que seus colegas de Casa ficaram “mais sensibilizados” com a fala dele sobre Marina do que com as mortes por Covid-19 no Amazonas. Ele acrescentou que não se “excedeu” e “não está arrependido”, mas “brincou fora de hora” e “não faria de novo”.

“Agora, o que me encanta é o Senado ficar sensibilizado com uma frase e não se sensibilizar com milhares de mortos e não me ajudarem a licenciar a BR-319. Eu não me excedi, eu brinquei talvez fora de hora, mas não me excedi. Se você perguntar: Você faria de novo? Não. Mas está arrependido? Não, porque eu não ofendi. Eu passei seis horas e dez minutos tratando-a com decência, como merece toda mulher”, disse Plínio.

Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministra”, do CanalGov, Marina classificou a declaração de Plínio como clara incitação à violência contra a mulher e chamou o senador de “psicopata”. “Ela me chamou de psicopata. Empatou. Não vou processá-la por isso”, acrescentou o senador amazonense.

Fala de Plínio contra Marina gerou embate entre senadores

Senadores se dividiram entre a defesa e críticas a Plínio Valério. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) argumentou que a divergência faz parte do processo democrático, mas que “ódio” é inaceitável. Em nota, a procuradora Especial da Mulher do Senado, Zenaide Maia, sugeriu que o senador se desculpe publicamente e disse considerar “gravíssimo” ver um membro do Parlamento cometer um “explícito ato de violência de gênero contra uma mulher”.

“Não me interessa o contexto em que as pessoas falam: se é uma brincadeira, uma piada, numa roda de amigos ou um discurso. Não é normal. Isso é inaceitável. Figuras públicas, pessoas, seja um presidente, seja um senador, seja um advogado, seja um mecânico; qualquer homem, qualquer cidadão neste país tem que respeitar a mulher. Estamos perdendo tempo, dando um péssimo exemplo para o exterior, cada um justificando o que fez”, enfatizou a senadora Leila Barros (PDT-DF).

Já Márcio Bittar (União-AC), que foi relator da CPI das ONGs, saiu em defesa de Plínio e afirmou que o senador foi desrespeitado pela ministra durante a audiência.
Eduardo Girão (Novo-CE) acrescentou que o senador sempre foi “uma pessoa muito equilibrada, serena e humanista”. Sérgio Petecão (PSD-AC), por sua vez, disse que Plínio deve ter falado em “tom de brincadeira”, mas destacou que Marina é uma das maiores personalidades do país e do mundo e motivo de orgulho para o seu Estado.