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“O dono da Mansão da Suruba”: saiba quem é o político Didê, alvo de operação da PF que bloqueou R$ 3,5 bilhões; veja vídeo

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Brasil – Davi Perini Vermelho, conhecido como Didê, tornou-se um dos principais alvos da operação Teatro Invisível II, deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (16/4), que investiga uma organização criminosa suspeita de obstrução de Justiça, caixa dois, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Ex-vereador de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e presidente do Instituto Rio Metrópole, Didê é apontado como o proprietário da chamada “Mansão da Suruba”, em Vargem Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, onde festas regadas a sexo, álcool e ostentação extrapolavam os muros de um condomínio de alto padrão.

A operação Teatro Invisível II

A PF cumpriu dez mandados de busca e apreensão em cidades como Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba, Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG), incluindo a mansão de Didê. A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 3,5 bilhões em contas dos investigados e a suspensão das atividades de oito empresas ligadas ao esquema. A operação é um desdobramento da primeira fase, realizada em setembro de 2024, e revelou a destruição de provas digitais pelo grupo, além do uso de recursos não declarados para financiar campanhas eleitorais e fraudes em licitações em cinco municípios.

As investigações apontam que Didê e aliados, como o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), utilizavam empresas para desviar recursos públicos, movimentando dinheiro vivo e adquirindo bens de luxo para ocultar a origem ilícita. Uma tática inusitada do grupo envolvia contratar atores para espalhar fake news contra adversários políticos durante as eleições, o que inspirou o nome “Teatro Invisível”.

Didê, filiado ao PSDB mas ligado a políticos do PL, é uma figura influente na política carioca. Ele presidiu a Câmara Municipal de São João de Meriti por três mandatos consecutivos até 2022, quando foi nomeado pelo governo estadual para chefiar o Instituto Rio Metrópole. O órgão, criado para gerir obras de saneamento, urbanismo e mobilidade na Região Metropolitana, administra verbas expressivas da privatização da Cedae, estimadas em mais de R$ 500 milhões. Em 2023, um projeto de lei apoiado por Valdecy da Saúde ampliou as atribuições do instituto, permitindo a execução de obras simples, como pavimentação de ruas, apesar de pareceres contrários da Procuradoria-Geral do Estado.

Não é a primeira vez que Didê enfrenta a Justiça. Em 2022, ele foi preso em uma operação conjunta do Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Civil de Santa Catarina, acusado de vender respiradores superfaturados ao governo catarinense durante a pandemia, em um contrato de R$ 33 milhões pagos antecipadamente.

A “Mansão da Suruba”

A mansão em Vargem Grande ganhou notoriedade após vídeos mostrarem festas extravagantes, com mulheres nuas e comportamento debochado de Didê. Em uma das gravações, duas garotas de programa, completamente despidas, acompanham o político até a porta de entrada após um segurança pedir a redução do volume da música. “Pode multar, irmão, R$ 5 mil, R$ 10 mil. Tem como baixar o som?! Olha aí as peças”, disse Didê, em tom de zombaria, enquanto as mulheres retornavam ao interior da casa. Uma das participantes publicou o vídeo em uma plataforma de conteúdo adulto, evidenciando a ostentação das festas.

As celebrações, segundo moradores do condomínio, perturbavam a vizinhança, com relatos de mulheres andando nuas pelas ruas do residencial. A PF incluiu a mansão nas buscas da operação, reforçando a suspeita de que o imóvel era usado para atividades ligadas ao esquema criminoso.

Em nota, o Instituto Rio Metrópole, assinado por Didê, negou envolvimento com práticas ilícitas e afirmou que a operação não atinge diretamente o órgão. “O presidente do Instituto, Davi Perini Vermelho, reafirma a inexistência de qualquer relação com o fato noticiado e segue acreditando na justiça, onde poderá se defender”, diz o comunicado. A instituição se colocou à disposição para esclarecimentos.

A operação Teatro Invisível II expõe a complexidade de esquemas criminosos envolvendo figuras políticas influentes no Rio de Janeiro. Se condenados, os investigados podem enfrentar penas que, somadas, superam 27 anos de prisão. A PF segue analisando materiais apreendidos para identificar outros envolvidos e possíveis ramificações do grupo, enquanto a sociedade carioca acompanha o desenrolar de mais um escândalo que mistura poder, dinheiro e excessos.