O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu propriedades em seis estados neste primeiro fim de semana do chamado “Abril Vermelho”, mobilização para pressionar o governo pelo avanço da reforma agrária. O grupo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são aliados históricos, mas com críticas de lado a lado neste terceiro mandato do petista.
De acordo com o movimento, as invasões ocorreram nos estados de Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Norte e Ceará. No estado nordestino, integrantes do MST ocuparam a sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) nesta segunda (7), em Fortaleza.
As demais invasões ocorreram em Frei Inocêncio (MG); Goiana, Tacaratu, Limoeiro e Petrolina (PE), Mossoró (RN), Solânea (PB) Fortaleza (CE) e em Rio das Pedras (SP), segundo o movimento. A Gazeta do Povo procurou o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para se posicionar sobre as ocupações e aguarda retorno.
Em Minas Gerais, a invasão ocorreu no sábado (5) por 600 famílias na Fazenda Rancho Grande “exigindo sua desapropriação”. No estado de São Paulo, 400 famílias ocuparam a Usina São José que, diz o MST, acumula dívidas e inúmeros processos trabalhistas e teria provocado um desastre ambiental em 2024.
Já na cidade pernambucana de Goiana, no mesmo dia, 800 famílias ocuparam a Usina Santa Teresa, tida pelo movimento como “parte de um grupo de latifundiários marcado por irregularidades, devastação ambiental e fracassos no monocultivo de cana”.
Em Taracatu (PE), 250 famílias invadiram a Fazenda Boi Caju “exigindo a desapropriação” para fins de reforma agrária. Também em Pernambuco, outro grupo de mil famílias ocupou a fazenda CopaFruit que, dizem, “representa o agronegócio da exportação”.
Ainda em Pernambuco, 205 famílias invadiram o polo industrial desativado de Limoeiro denunciando “a improdutividade da área” e exigindo a desapropriação.
Já no Rio Grande do Norte, a invasão ocorreu na fazenda experimental da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), com mais de 200 famílias. O MST diz que a área está desativada há mais de três anos e “reivindica que cumpra sua função social e seja destinada à reforma agrária”.
Na Paraíba, 50 famílias invadiram a Fazenda Carvalho para “denunciar sua improdutividade e exigir desapropriação imediata”.
No último sábado (5), o ministro Paulo Teixeira, do MDA, afirmou que 60 mil famílias serão assentadas neste mandato do presidente Lula. A promessa foi feita durante a cerimônia de inauguração do Assentamento Egidio Brunetto I, na cidade paulista de Lagoinha.
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No ano passado, durante o lançamento do programa “Terra da Gente”, Lula deu um puxão de orelhas no MST afirmando que não havia mais a necessidade de se invadir terras no Brasil e que é possível fazer a reforma agrária “sem muita briga”.