O senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Lava Jato em Curitiba, rebateu a narrativa de que a investigação envolvendo o ex-presidente Fernando Collor de Mello, preso nesta sexta-feira (25), tenha sido diferente dos outros casos da operação que conduziu quando era magistrado.
Ele lembrou que as ações da operação foram conduzidas por uma equipe de procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba. Moro se manifestou em seu perfil no “X” em reação a uma publicação da jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, sobre o caso do ex-presidente.
A discussão emergiu devido ao tratamento dado a outros alvos da operação, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foram beneficiados pela mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação à competência da 13° Vara Federal de Curitiba em julgar os processos.
“Em primeiro lugar, o caso de Collor não nasce em Curitiba. Portanto, o entendimento do vício identificado pelo Supremo nos processos que envolviam uma relação promíscua entre o Ministério Público e o juiz do caso, o senador Sergio Moro, não se aplica a esse processo”, escreveu Miriam Leitão.
O senador disse que a afirmação da jornalista não procedia e citou decisão sua que teria originado a operação. Trata-se de busca no escritório do ex-doleiro Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro na operação Lava Jato.
“Comprovantes de depósito em dinheiro na conta de Collor foram encontrados no escritório de Alberto Youssef em busca por mim autorizada, sendo esta a origem da investigação. Não procede, portanto, sua afirmação de que o caso não tem relação com o trabalho de Curitiba”, afirmou o ex-juiz.
Na quinta-feira (24), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão do ex-presidente para dar início ao cumprimento da condenação a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um dos processos da Lava Jato.
Entenda o caso
Em maio de 2023, o STF condenou Collor pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A investigação apontou que o ex-presidente recebeu R$ 20 milhões para viabilizar irregularmente contratos da BR Distribuidora, antiga subsidiária da Petrobras, com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis, entre 2010 e 2014.
A vantagem foi dada em troca de apoio político para indicação e manutenção de diretores da estatal. Ele teria atuado com a ajuda dos empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Collor em 2015. A acusação incluía registros encontrados no escritório de Youssef e depoimentos de delatores. A defesa questionou a sentença em recursos, que foram rejeitados pela Corte. Os advogados argumentaram nos embargos de declaração que a pena definida não correspondia ao voto médio apurado no plenário.