O ministro Alexandre Padilha, da Saúde, atacou a gestão de saúde do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta sexta (30), durante o lançamento do programa “Agora tem especialistas”, para ampliar o atendimento da população pelo SUS a médicos especialistas na rede privada de saúde. O objetivo é ampliar a capacidade de consultas, exames e cirurgias com o credenciamento de clínicas e hospitais filantrópicos e privados.
O programa será implementado através de uma Medida Provisória que será encaminhada ao Congresso Nacional para permitir que o governo contrate atendimento de média e alta complexidade junto a estados e municípios. Serão seis áreas de atuação: seis áreas prioritárias: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia.
Padilha afirmou que o atual cenário de filas de atendimento com especialistas e de consultas e cirurgias represadas é um reflexo do “caos da pandemia” da Covid-19. Para ele, houve uma “desorganização completa dos fluxos de saúde”, com uma “condução desastrosa e, sem dúvida alguma, criminosa” da emergência sanitária a partir de 2020.
De acordo com ele, o novo programa “Agora tem especialistas” não será confundido com o já lançado “Mais Especialistas” e terá uma nova tabela de pagamento que “começa a enterrar de vez a famigerada tabela SUS”, ao custo de R$ 2 bilhões ao ano para o credenciamento de novas clínicas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou pouco depois, mas foi contido nas palavras e não mencionou o governo anterior. Ele, no entanto, pediu a Padilha para não deixar “o programa falhar”, frisou que vai necessitar da aprovação da Medida Provisória pelo Congresso e que é preciso acelerar o atendimento com especialistas para a população carente.
Ele se emocionou ao falar do abraço que recebeu de uma mulher em Santa Catarina, na quinta (29), que afirmou estar em estado terminal de uma doença que, disse, possivelmente não tenha tido um tratamento a tempo.
Lula ainda fez um agradecimento à ex-ministra Nísia Trindade pelo “esforço quase que desumano para colocar esse programa em pé”. “Eu sei o quanto ela trabalhou, eu sei o quanto eu cobrei, e eu sei que a Nísia deve estar torcendo”, completou dizendo que errou ao não convocá-la para participar da cerimônia.
Nísia foi demitida da pasta após pressão de parte do governo e de aliados, sendo substituída por Padilha, que ocupava antes a Secretaria de Relações Institucionais – responsável pela articulação política do governo com o Congresso.
A medida provisória estabelece ainda, segundo o governo, que hospitais privados e filantrópicos realizem consultas, exames e cirurgias de pacientes do SUS como contrapartida para sanar dívidas com União. “Da mesma forma, os planos de saúde poderão ressarcir os valores ao SUS por meio de atendimento”, pontuou.
O programa também lançou nesta sexta (30), entre outras medidas, uma ampla rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer com a aquisição de 121 aceleradores lineares para radioterapia até 2026. Os seis primeiros serão entregues para unidades em São Paulo, Bauru (SP), Piracicaba (SP), Curitiba, Andaraí (RJ) e Teresina.