O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento nesta segunda-feira, 11, na sede da Polícia Federal em Brasília. O militar foi intimado mais uma vez para esclarecer pontos de sua delação premiada que os investigadores consideram contraditórios ou incompletos. Mensagens encontradas no celular de Cid colocaram Bolsonaro no centro da investigação que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado. Ele chegou para depor às 15h, e seguia na sede da PF até a noite de ontem.
O depoimento ocorre após a abertura da fase ostensiva da Operação Tempus Veritatis – que mira suspeita de conspiração golpista por parte do ex-presidente, de ex-ministros e aliados militares – e a tomada de depoimentos de vários investigados. Intimado, Bolsonaro se calou diante dos investigadores.
De outro lado, o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes relatou à PF ter participado de reuniões, com Bolsonaro, nas quais foi discutida uma “minuta de golpe”, que previa a realização de novas eleições após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os diálogos encontrados no celular de Cid sugerem que Bolsonaro ajudou a redigir e a editar a minuta. Em setembro do ano passado, o tenente-coronel saiu da prisão após fechar delação com a PF. O depoimento dele serviu de base para a Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro.
General
Ontem, Cid seria questionado sobre o depoimento de Freire Gomes. O ex-chefe do Exército foi ouvido por quase oito horas no dia 1.º de março, na sede da PF em Brasília. Segundo o jornal O Globo, o general disse aos policiais que Bolsonaro lhe apresentou a “minuta de golpe” pessoalmente e defendeu levar o plano adiante. O ex-presidente nega.
A versão de Freire Gomes estaria contradizendo trechos da delação de Cid que vieram a público. Segundo o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro recebeu a minuta do ex-assessor da Presidência Filipe Martins, mas não falou em pôr em prática a trama golpista. Antes do depoimento, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, havia dito que acreditava em uma audiência tranquila, já que o tenente-coronel responderia a todas as perguntas.