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Mauro Cid mentiu e violou regras estabelecidas por Moraes, diz Veja

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Reportagem da revista indica que ex-ajudante de ordens de Bolsonaro usou perfil oculto e divulgou versões conflitantes sobre investigação

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, teria mentido ao Supremo Tribunal Federal (STF) e desrespeitado ordens do ministro Alexandre de Moraes. A informação é da revista Veja, que afirma que teve acesso a mensagens supostamente trocadas entre o tenente-coronel e uma pessoa próxima a Bolsonaro, por meio de um perfil do Instagram.

Cid firmou acordo de colaboração premiada com a Justiça. Em troca de benefícios, prestou informações à Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2022. No início da semana, o STF iniciou o interrogatório dos oito réus acusados de integrar o núcleo central da tentativa de golpe. Cid foi o primeiro a depor.

Durante quase quatro horas, repetiu trechos do que já havia declarado à PF. Em diversos momentos, afirmou “não me lembro” e “não me recordo”, enquanto, em outras respostas, demonstrou hesitação.

Em uma das perguntas feitas pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, Cid negou ter usado as redes sociais durante o período de restrição e afirmou que todos os seus celulares foram apreendidos. Quando questionado sobre o perfil @gabrielar702, porém, hesitou e respondeu: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.

A defesa de Cid se manifestou. Em nota à imprensa, disse que as capturas de tela divulgadas pela Veja são “montagem”. Uma das provas seria de que as imagens não mostram a data e o horário das conversas. Além disso, os advogados argumentam que Cid não escreve da forma que aparece nas mensagens.

Mensagens de Mauro Cid indicam versão paralela dos fatos

Segundo a Veja, o perfil citado teria sido usado por Cid para trocar mensagens com pessoas próximas a Bolsonaro. Os diálogos mostrariam que ele transmitia, paralelamente, uma versão diferente da que forneceu à PF.

Nesse trecho, Cid reclama de manipulação durante depoimento
Nesse trecho, Cid reclama de manipulação durante depoimento | Foto: Captura de Tela/ Revista Veja

A publicação afirma que o militar violou pelo menos duas determinações do STF: não manter contato com outros investigados e não usar redes sociais. As mensagens teriam sido trocadas entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, antes da homologação da delação. À época, Cid usava tornozeleira eletrônica, se apresentava semanalmente à justiça e já estava proibido de se comunicar com investigados e falar sobre o conteúdo de sua delação.

Nos diálogos, Cid relata as dificuldades dos depoimentos e acusa o delegado responsável de tentar manipular suas falas. Diz também que “o STF está todo comprometido” e que “só o Pacheco ou o Lira vai nos salvar”. Em outro trecho, avalia que “os Cel PM vão pegar 30 anos”.

Em outro trecho, Cid teria dito que se sentiu pressionado
Em outro trecho, Cid teria dito que se sentiu pressionado | Foto: Captura de tela/ Revista Veja

O acordo de delação proíbe mentiras, omissões ou versões contraditórias. A quebra desses termos pode anular os benefícios.

No depoimento ao STF, Cid reafirmou ter presenciado reuniões entre Bolsonaro e militares. Nessas ocasiões, discutiram medidas para impedir a posse de Lula. Disse ainda que o ex-presidente acreditava em fraude nas urnas e relatou que o então comandante da Marinha teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro.

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