Era natural que o torcedor do Botafogo estivesse ansioso para o clássico. Também é natural a frustração após o resultado. Afinal, o Flamengo indicou com antecedência que levaria os reservas para o Mané Garrincha, em Brasília. O alvinegro foi de força máxima e teria o favoritismo, que não se confirmou. Vitória rubro-negra por 1 a 0, com gol marcado por Matheus Gonçalves. Mas a partida no Distrito Federal é marcado por várias notas tristes.
A primeira delas talvez seja a péssima arbitragem de Tarcizo Pinheiro Caetano, que contribuiu para a construção de um clima quase bélico. Segundo, os problemas estruturais do Estádio do Distrito Federal, seja de iluminação, eletricidade e segurança. Dentro e fora de campo, alvinegros e rubro-negros viram um clássico caótico que é justificado pelo destempero de atletas, de dirigentes e até ações ineficientes do poder público.
Antes de entender como os titulares alvinegros perderam para os reservas rubro-negros, é preciso voltar um pouco atrás e destacar algumas cenas lamentáveis incompatíveis com o tamanho do clássico. Houve uma pane elétrica no estádio, que não foi solucionada até o início da partida. Os atletas do Botafogo tiveram que ficar em um vestiário sem luz, algo que foi reclamado por atrapalhar o aquecimento. Os dos rubro-negros estavam em condições normais.
Isso gerou um clima de muito estresse entre os dirigentes do Botafogo, que passou para os jogadores, que claramente entraram pilhados em campo. A situação só piorou quando o Flamengo abriu o placar com menos de 30 segundos de partida com Mateus Gonçalves.
— A base é para isso: para a gente acostumar. A gente é bem treinado na base. Quando conseguimos vir para o profissional, conseguimos dar o máximo. Com torcida, contra qualquer time, a gente consegue dar o máximo — afirmou.
No lance, Matheus Gonçalves interceptou o passe de Daniel Borges, invadiu a área, venceu a marcação de Carli e fuzilou contra Lucas Perri. Quem comemorou à beira do gramado foi o português Rui Quintas, que substituiu o técnico Vítor Pereira, que não foi para Brasília por decisão do próprio clube.
A realidade é que, mesmo com titulares, o Botafogo fez uma atuação muito abaixo do esperado. Não demorou para parte da torcida botafoguense escolher o alvo: Lucas Piazon. Ele não começou bem e ouviu reclamacões enquanto esteve em campo.
Com a vantagem no placar, Flamengo se fechou e tentou apostar nos contra-ataques. Botafogo até tomava a iniciativa, mas não conseguia criar oportunidades. Quanto mais o tempo passava, mais o nervosismo atrapalhava os alvinegros e ajudavam os rubro-negros.
Então, vieram mais problemas. Com a queda de energia, o sistema que permite que as linhas do VAR sejam traçadas parou de funcionar. Mas isso não significa que a ferramenta estava inoperante. Lances claro ainda poderiam ser anulados.
O primeiro foi o do Flamengo, que chegou a balançar as redes com André, mas a arbitragem indicou impedimento no lance. Lance claro. Depois, quando o Botafogo conseguiu empatar, a arbitragem de vídeo anulou o tento de Carlos Alberto. Também sequer precisou que as linhas fossem traçadas de tão claro que estava a posição irregular. Não impediu que houvesse confusão.
Nos minutos finais, sobrou tumultuo e cartões vermelhos. Tiquinho Soares foi expulso e acertou uma cabeçada no árbitro. Depois, os bancos de reservas desencadearam um grande bate boca. Joel Carli foi expulso, assim como Marçal dentro de campo.
Para completar o show de problemas, um torcedor invadiu o gramado do Mané Garrincha e o policiamento pouco fez. A ponto de o invasor conseguir tirar o celular e gravar vídeos dentro de campo sem ser incomodado.