Nesta terça-feira (16), o senador Magno Malta (PL-ES) protocolou um voto de censura direcionado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O motivo é a concessão de asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada pela Justiça peruana por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
No documento, o parlamentar capixaba afirma que o ato do governo brasileiro é “inaceitável” e “mancha a imagem internacional do Brasil como parceiro confiável no combate à corrupção transnacional”. Para ele, a decisão do presidente Lula de acolher Heredia, levada ao Brasil em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), configura uma afronta direta à soberania do Judiciário do Peru.
– O Brasil não pode se transformar em abrigo de condenados por corrupção em nome de afinidades partidárias. É uma vergonha para o povo brasileiro, que clama por justiça e transparência – afirmou o senador.
CORRUPÇÃO COMPROVADA
Nadine Heredia foi condenada a 15 anos de prisão após um longo processo judicial, com amplo direito à defesa, em seu país. As investigações apontam seu envolvimento direto em operações de lavagem de dinheiro e no recebimento de recursos ilegais para financiar a campanha presidencial de seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, também condenado.
As provas incluem delações do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que admitiu repassar 3 milhões de dólares ao casal peruano a pedido do então ministro da Fazenda brasileiro, Antonio Palocci. Jorge Barata, ex-diretor da empreiteira no Peru, confirmou o mesmo, acrescentando que parte dos valores foi entregue diretamente a Nadine.
– Não estamos falando de suposições, mas de condenações com base em provas robustas, reconhecidas por tribunais independentes. Proteger alguém assim é agir contra os interesses da Justiça e da ética internacional – afirmou Malta.
GESTO POLÍTICO
Para o senador, o asilo concedido à ex-primeira-dama nada tem de humanitário.
– Foi uma operação disfarçada, bancada pelo contribuinte brasileiro, para livrar da prisão uma aliada ideológica do PT. Isso é abuso do poder diplomático para acobertar corruptos – denunciou.
Malta também sinaliza “aliança ideológica” entre o governo Lula e figuras “centrais de um dos períodos mais nefastos da política peruana”. Para ele, o gesto evidencia a disposição do atual governo de contemporizar com personagens ligados à corrupção, desde que estejam em sintonia com seu projeto político.
No encerramento de seu voto de censura, Magno Malta clama por responsabilidade e respeito às instituições democráticas da América Latina.
– Não se trata de uma disputa partidária. Trata-se de respeitar a dor de um povo vizinho e de manter vivo o compromisso do Brasil com a justiça e a transparência – disse.