O presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue em repouso nesta quarta-feira (11), após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar hemorragia intracraniana. Ele está internado na UTI de um hospital particular de São Paulo (SP), onde o procedimento foi feito.
Apesar da condição, não há orientação médica de afastamento das funções presidenciais. Com isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin não deve assumir o Palácio do Planalto.
A legislação do país não prevê o afastamento do presidente em virtude de uma emergência médica ou motivos de saúde em curto prazo. A Constituição só afirma que em casos de “impedimento” do presidente, o vice assumirá a função.
Como vice, Alckmin assumiu a agenda de Lula dessa terça (10) e recepcionou o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico. Os dois assinaram acordos nas áreas de segurança, defesa e compartilhamento de informações de inteligência. Também foi firmado um memorando de entendimento entre o Instituto Rio Branco e o Ministério de Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus.
Lula foi submetido a avaliação médica depois de sentir dor de cabeça no fim da tarde de segunda (9), e um exame de imagem confirmou a presença de sangue acumulado na cabeça. A hemorragia foi consequência do acidente doméstico que sofreu em outubro, quando caiu e bateu a cabeça no banheiro do Palácio da Alvorada.
A internação de Lula na ala intensiva é protocolar em casos semelhantes. O presidente deve ficar na UTI por até 48 horas depois do procedimento. A expectativa é que ele retorne ao trabalho em Brasília no início da próxima semana.
De acordo com a equipe médica, o sangramento no crânio do presidente Lula é consequência de um problema na cicatrização.
Nesta quarta-feira, Lula deveria participar da posse do ministro Vital do Rêgo como presidente do TCU (Tribunal de Contas da União). Na cerimônia, ele será representado por Alckmin.
Alckmin é sete anos mais novo que Lula. No mês passado, quando o vice-presidente completou 72 anos, o petista o parabenizou e brincou: “Parece meu filho”.
“Eu estou aqui ativo e altivo para te dar parabéns pelo seu aniversário. Quantos anos, Alckmin? Parece meu filho (risos). 72! Parabéns, querido, muitos anos de vida. Eu quero viver até 120 e você, até 121. Tá bom, querido. Um abraço, querido”, disse Lula na ligação com o vice-presidente.
‘Absolutamente consciente’
Nessa terça, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o presidente está “absolutamente consciente e disponível” e em contato com ministros, apesar de estar em repouso.
“O presidente voltou à consciência logo depois do procedimento, logo depois que passou o efeito anestésico, contactante, orientado, alimentando-se. Depois de avaliação, os especialistas constataram que não tem qualquer tipo de sequela ou acometimento neurológico posterior ao procedimento. Está absolutamente consciente e disponível, contactando, inclusive, com ministros”, explicou Padilha, que é médico infectologista.
Apesar dos contatos com ministros, o chefe das Relações Institucionais reforçou que Lula está em repouso.
O presidente Lula deve ficar na UTI pelas próximas 48 horas e vai ficar com o dreno.
Entenda o quadro de Lula
A hemorragia intracraniana é uma condição séria e ocorre quando há sangramento dentro do cérebro ou entre membranas protetoras — este último foi o caso de Lula, segundo a equipe médica. O presidente foi submetido a uma trepanação para drenagem do hematoma.
A hemorragia intracraniana pode ser causada por fatores como traumas, hipertensão, aneurismas rompidos ou outras condições médicas. De acordo com o médico Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em neurociências, esse tipo de sangramento pode levar ao aumento na pressão dentro do crânio, o que pode prejudicar os tecidos cerebrais e afetar funções neurológicas importantes.
“Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça súbita, confusão, náuseas, convulsões e perda de consciência, mas cada caso pode apresentar uma gravidade distinta”, explicou o especialista.
O médico explicou que o tratamento da hemorragia intracraniana depende da causa, da gravidade e dos sintomas do paciente. Em casos mais severos, pode ser necessária cirurgia para remover o sangue acumulado e aliviar a pressão no cérebro.