O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o advogado Luis Henrique Pichini Santos, que fez parte da sua equipe de defesa nos processos da Lava-Jato, como seu assessor. Segundo o texto publicado no Diário Oficial desta terça-feira, o profissional irá atuar no Gabinete Pessoal do Presidente da República, na equipe de apoio às decisões do chefe do Executivo. A informação foi publicada pelo colunista Igor Gadelha, no portal Metrópoles, e confirmada pelo GLOBO.
Formado em direito em 2017 pela Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), o advogado de 32 anos integrou a equipe do escritório Teixeira Martins & Advogados, do agora ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, de 2015 até 2019, quando passou a atuar no próprio escritório de advocacia. Com especialização em Direito Penal e Segurança Pública, Pichini chegou a participar de audiências dos processos envolvendo Lula na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Ele também é um dos advogados que assina a ação popular que transformou o senador Sergio Moro (União – PR ) em réu. O documento, apresentada por deputados federais do PT na Justiça Federal do Distrito Federal, pede que o parlamentar seja condenado a ressarcir os cofres públicos por alegados prejuízos causados pela operação Lava-Jato à economia brasileira e à Petrobras.
Em suas redes sociais, Pichini não esconde a proximidade com o presidente e chegou a relatar o encontro que teve com ele em 2018 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula ficou preso, um dia após a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência.
“Esperava encontra-lo profundamente deprimido. Que engano. Cheguei pela manhã e logo o presidente foi fazer seus exercícios. Num dos intervalos entre as séries, ao me avistar sentado e cabisbaixo, Lula virou para mim e falou “Filho, levante a cabeça porque a luta não acabou”. Essa fala me marcou profundamente, jamais me esquecerei dela. Que exemplo de força e inspiração é esse senhor! “, escreveu o advogado.
Ao comemorar a eleição de Lula em 2022, ele destacou ainda sua participação na equipe de defesa do petista.
“Ver Lula eleito, depois dos anos tenebrosos que passamos, é uma correção de rumos e um desses acontecimentos que nos motiva a continuar lutando. Sem contar o orgulho que sinto, pois sei que o trabalho que desempenhei junto com uma maravilhosa equipe, na defesa jurídica de Lula, foi fundamental para que ele pudesse concorrer e vencer as eleições”, publicou.
Em suas postagens, o novo assessor de Lula também não poupa críticas a Sergio Moro, que chamou de “podre e incompetente”.
“Sergio Moro: uma das figuras mais patéticas e hipócritas da história da nossa república. (…) Interferiu nas eleições 2014, 2016 e 2018. Sempre em favor do capital e contra a soberania. Ajudou a eleger o pior presidente da história do país, um ser humano podre e incompetente”, postou no dia 29 de setembro de 2022.
De acordo com a tabela de remuneração para cargos comissionados do portal do Governo Federal, Pichini irá receber um salário de R$ 11,3 mil. Com a nomeação, o advogado passa a ser o segundo integrante da equipe de defesa de Lula a ser alçado a um posto de confiança pelo presidente. O primeiro foi o próprio ex-chefe, Cristiano Zanin, indicado por Lula para a vaga STF.
O ministro ganhou projeção justamente pelo seu trabalho durante a Operação Lava-Jato. Zanin foi o autor, em 2021, do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte ter reconhecido a incompetência e parcialidade do então juiz Sergio Moro. A anulação das sentenças restaurou os direitos políticos de Lula — que ficou preso por 580 dias —, o que possibilitou a candidatura nas eleições de 2022, em que o petista foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Procurado, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre a nomeação de Luis Henrique Pichini Santos.