O presidente eleito, Lula (PT), lamentou o impeachment de Pedro Castillo, que caiu depois de tentar dissolver o Parlamento do Peru e governar com amplos poderes. A Suprema Corte do país classificou a manobra como “golpe”.
“Peru e América do Sul precisam, neste momento, de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos nós enfrentamos”, disse Lula, em uma nota publicada na quarta-feira 7.
Lula, que apoiou a candidatura de Castillo, informou ter acompanhado “com muita preocupação” o processo de impeachment no país vizinho. Ainda na carta, o petista reconheceu a posse da nova presidente do Peru, Dina Boluarte, que servia como vice de Castillo e se opôs à tentativa de golpe.
Tanto Castillo como Dina são de extrema esquerda. Ambos foram eleitos em por uma margem estreita, em 2021, derrotando a candidata da direita, Keiko Fujimori.
O ex-ministro Aloizio Mercadante, um dos líderes da equipe de transição de Lula, qualificou como “inaceitável” o impeachment de Castillo. “Não sabemos se o primeiro movimento é só uma narrativa de golpe ou se houve realmente uma tentativa de golpe”, disse Mercadante, em coletiva de imprensa realizada nesta tarde. “Qualquer que tenha sido a verdadeira história, é inaceitável. É inaceitável mais uma vez quebrar a institucionalidade, a democracia.”
Carta de Lula sobre queda de Pedro Castillo
“Acompanhei com muita preocupação os fatos que levaram à destituição constitucional do presidente do Peru, Pedro Castillo. É sempre de se lamentar que um presidente eleito democraticamente tenha esse destino, mas entendo que tudo foi encaminhado no marco constitucional.
O que o Peru e a América do Sul precisam neste momento é de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos enfrentamos.
Espero que a presidenta Dina Boluarte tenha êxito em sua tarefa de reconciliar o país e conduzi-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social. Espero que todas as forças políticas peruanas trabalhem juntas, dentro de uma convivência democrática construtiva, a única forma capaz de trazer paz e prosperidade ao querido e fraterno povo peruano.
Em meu governo, trabalharemos de forma incansável para reconstruir a integração regional, para o que a amizade entre o Brasil e o Peru é fundamental.”