O Palácio do Planalto informou na noite desta segunda-feira (21) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Janja da Silva irão ao funeral do papa Francisco em Roma. O pontífice faleceu na manhã desta segunda, na residência da Casa Santa Marta, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de insuficiência cardíaca.
A comitiva completa do governo será anunciada nesta terça (22) e a viagem ainda não tem data confirmada, porque, segundo o Planalto, depende do protocolo do Vaticano.
Mais cedo, Lula anunciou luto oficial de sete dias em memória do papa Francisco e disse que o santo padre foi exemplo vivo dos valores cristãos, como o amor ao próximo, a tolerância e a solidariedade. O petista também afirmou que, com simplicidade e coragem, o pontífice levou ao centro da Igreja temas urgentes como as mudanças climáticas e a desigualdade social, “denunciando os modelos econômicos que geram injustiça e sofrimento”.
Por se considerar católico, o presidente tinha uma proximidade com o papa e participou de alguns encontros com o pontífice, o último foi em junho do ano ano passado durante o G7 na Itália.
Após ser libertado da prisão em novembro de 2019, Lula visitou o Papa Francisco no Vaticano. O encontro foi intermediado pelo então presidente da Argentina, Alberto Fernández. Durante a reunião, discutiram temas como justiça social, combate à pobreza e desigualdade.
Um outro encontro ocorreu em junho de 2023, quando eles se reuniram para conversar sobre a “paz no mundo”. Na ocasião, Lula, a quem o papa escreveu na prisão, deu ao pontífice uma gravura da Sagrada Família do artista pernambucano J Borges. Já a primeira-dama, Rosângela “Janja” da Silva, presenteou Francisco com uma estátua de Nossa Senhora de Nazaré de Belém.
Funeral de João Paulo II
Em 2005, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do funeral do papa João Paulo II, representando o Brasil em um dos momentos mais marcantes da história recente da Igreja Católica. A cerimônia, realizada na Praça São Pedro, no Vaticano, reuniu chefes de Estado, líderes religiosos e milhares de fiéis de todo o mundo.
Na ocasião, Lula participou da missa e recebeu a comunhão. Posteriormente, em entrevista coletiva na Embaixada do Brasil em Roma, Lula afirmou que comungou sem ter se confessado previamente, justificando sua decisão ao declarar: “Sou um homem sem pecados”
Essa declaração gerou repercussões, incluindo críticas de membros da Igreja Católica. O cardeal dom Eugênio Salles, por exemplo, expressou desaprovação quanto à participação de Lula na comunhão sem a devida confissão, considerando tal atitude inadequada.
O então cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Scheid, fez críticas públicas ao presidente Lula. Ao desembarcar em Roma para participar do conclave que elegeria o novo papa, Dom Eusébio afirmou que Lula “não é católico, é caótico”, criticando a postura do presidente em relação à fé católica.
As declarações geraram polêmica e levaram Dom Eusébio a emitir uma nota explicativa, na qual afirmou que Lula lhe parecia “mais confuso, ambíguo (caótico) do que lídimo e claro”, em relação às matérias de fé, moral e ética da Igreja. Em resposta, Lula declarou que era “um homem de muita fé” e que sua relação com Deus era pessoal, dizendo: “Fui coroinha quando jovem e sou um homem que não preciso provar a cada dia que sou católico ou que creio em Deus”.
Agora, vinte anos depois, Lula confirma sua presença no funeral de outro papa, desta vez Francisco, reforçando novamente os laços entre o Brasil e o Vaticano e a relevância diplomática do país dentro do cenário religioso global.