O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta sexta-feira (28/4), a homologação de seis territórios indígenas. A solenidade de assinatura aconteceu no Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília, onde milhares de indígenas de diferentes estados se reuniram na última semana.
O governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), era contra a demarcação de terras indígenas e não demarcou nenhuma durante sua gestão. Assim também foi com o ex-presidente Michel Temer (MDB).
A homologação é a última fase para que um território indígena seja reconhecido. As terras homologadas nesta sexta estão nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás e Rio Grande do Sul. Essas homologações marcam uma retomada do reconhecimento de terras indígenas.
Veja quais são as terras indígenas demarcadas pelo governo Lula:
Mapa_Terras Indígenas copiar (1) – Metrópoles
– Arara do Rio Amazônia (20.534,2 hectares)
Terra indígena ocupada pelo povo de mesmo nome, “Arara do Rio Amazônia”. Segundo artigo do ISA, esse povo sofreu muito com o extrativismo da borracha na região de Marechal Thaumaturgo, no Acre.
Muitos Arara tiveram suas terras invadidas por empresas colonizadoras no chamado Ciclo da Borracha, quando houve uma grande migração para o Norte brasileiro para a extração de látex.
– Uneiuxi (551.983,8 hectares)
Território indígena que ocupa principalmente o município de Santa Isabel do Rio Negro (AM), no noroeste do Amazonas. Também ocupa uma parcela menor de Japurá (AM). A terra Uneiuxi é ocupada pelo povo Nadöb, também chamado de macu-nadebe.
Originalmente, falam uma língua da família Maku, mas como tiveram contato com não indígenas desde o século 18, atualmente muitos falam português e nheengatu, também chamada de língua geral. São conhecidos por fazer um torneio de tiro ao alvo com zarabatana, segundo o Instituto Socioambiental (ISA).
Nessa região também tem um povo conhecido como “Isolados do Igarapé do Natal”.
– Avá-Canoeiro (31.427,3 hectares)
Território indígena nos municípios de Minaçu (GO) e Colinas do Sul (GO) onde vive o povo Avá-Canoeiro. A área já havia sido declarada como de posse permanente pelo Ministério da Justiça em 1996.
No local, vivem os poucos sobreviventes de massacres em aldeias do século passado. Eles sobrevivem com os recursos de um convênio indenizatório entre Funai e Furnas, já que parte do território foi inundado com a construção de hidrelétricas.
– Rio dos Índios (717,7 hectares)
Região onde vive o povo Kaingang, que tem uma população estimada em 25.875 pessoas vivendo em 32 terras indígenas, segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Três grupos dessa etnia vive em Porto Alegre (RS).
A falta da demarcação da Terra Indígena Rio dos Índios estava levando a uma situação de conflitos dos Kaingang com os não indígenas, que ocupam a mesma área, segundo artigo da Fiocruz.
— Kariri-Xocó (4.694,9 hectares)
Terra indígena onde vive o povo de mesmo nome, Kariri-Kokó. Essa etnia tem um cotidiano semelhante ao da população rural de baixa renda não indígena, segundo artigo do ISA.
Eles vivem na região conhecida como baixo São Francisco, no município alagoano de Porto Real do Colégio. Parte da terra indígena também abarca São Braz (AL).
— Tremembé da Barra do Mundaú (3.511,4 hectares)
Região onde vive o povo Tremembé, citado em documentos históricos desde o período colonial. O território fica no município de Itapipoca, no Ceará.
Por muito tempo, foram tratados como “caboclos” ou “remanescentes” de indígenas. São conhecidos pelo ritual do Torém, uma dança de roda em que é consumida uma bebida fermentada de caju, chamada mocororó.