Manaus – A recém-inaugurada Casa de Praia Zezinho Corrêa, localizada na cidade de Manaus, tem sido o principal ponto de encontro da elite amazonense.
No entanto, além dos shows gratuitos financiados por impostos municipais, o local também se destaca pelos preços inacessíveis dos restaurantes e quiosques ali presentes, o que cria um filtro de seleção para a alta sociedade.
Dentre os estabelecimentos que chamam atenção, destaca-se o quiosque Vista Rio Café, onde um simples café da manhã, composto por um copinho de café de 200 ml, uma tapioca com tucumã e uma água com gás, tem uma média de preço de R$ 50,00.
O que levanta suspeitas por parte da população que procurou saber mais sobre o estabelecimento, é o fato de que a unidade do quiosque está registrada com um CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) recém-aberto, sob o número 50.609.995/0001-60.
De acordo com informações disponíveis na Receita Federal, a abertura ocorreu em 9 de maio de 2023, apenas oito dias após a inauguração da Casa de Praia da Ponta Negra, ocorrida em 1º de maio, ou seja, o Vista Rio conseguiu se expandir e conquistar um espaço extremamente disputado em tempo recorde, algo que seria improvável em um pregão aberto à livre-concorrência de centenas de empresas do mercado manauara.
Empresárias de renome
As sócias responsáveis pelo estabelecimento são conhecidas no meio político, sendo elas Soraya Almeida de Souza e Thalita Dias Moraes da Costa, com capital social de R$ 300.000,00. Soraya é esposa do prefeito Anderson Sousa (União Brasil), de Rio Preto da Eva, enquanto Thalita Dias é ex-esposa do ex-prefeito de Coari, Rodrigo Alves da Costa.
As empresárias são ainda donas de Café Vista Rio com sede na Av. Coronel Teixeira, bairro da Ponta Negra. No entanto, o local está registrado em um CNPJ (01.803.125/0001-12) diferente da unidade do Quiosque.
O que chama atenção, conforme dados da Receita Federal, é que esta unidade possui ainda mais de 60 atividades secundárias registradas, que vão desde “construção de edifícios”, “construção de rodovias e ferrovias”, “obras de irrigação”, até “estudos geológicos”, entre muitas outras, estratégia normalmente usada para empresas que costumam “lavar dinheiro”, se encaixando e concorrendo facilmente em pregões no interior do Estado. Este CNPJ também tem um capital social avaliado em R$ 300.000,00, no entanto possui mais de 26 anos de existência, sendo aberto em 07/03/1997.
Diante do exposto, se a população já estava desconfiada de que o quiosque Visto Rio supostamente foi privilegiado no novo espaço cultural e gastronômico, agora pode ser que não somente a população manauara mas também de Rio Preto fique ainda mais intrigada sabendo quem são as donas e por que elas não usaram o CNPJ já existente.
Preocupações se concretizam Vereadores de Manaus levantaram discussões na sessão realizada em 19 de abril, acusando um possível redirecionamento de contratos de licitações para favorecer “empresas famosas”.
O vereador Bessa (Solidariedade) abordou o assunto durante o pequeno expediente e continuou a discussão até o final da sessão. Segundo ele, faltou transparência por parte da gestão municipal e existiram “conversas de bastidores” indicando que o contrato de operação do espaço público já estava direcionado.
Para o parlamentar, as empresas interessadas no local deveriam ter realizado uma Parceria Público-Privada (PPP) antes de todo o investimento da prefeitura. Na época, o vereador Diego Afonso (UB) disse que o favorecimento seria além do Vista Rio Café, para o restaurante Barollo e a peixaria Morada do Peixe, todos de alto padrão.
“O fuxico está grande sobre aquela região. Dizem que já tem um edital direcionado. Dizem que está tudo certo, que tem até as empresas certas para entrar. Como é isso? Quer dizer que não vai ter chamamento público, não vai ser aberto?”, questionou o vereador na época.
Veja vídeo (a partir de 1:17:25):
*Com informações CM7
