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Justiça Federal aceita denúncia contra diretora do Flamengo por xenofobia

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Decisão é desta terça-feira (13) e torna Ângela Machado, diretora de Responsabilidade Social do cllube e ré em processo na esfera criminal.

A Justiça Federal aceitou nesta terça-feira (13), a denúncia em uma ação criminal contra a diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, Ângela Rollemberg Santana Landim Machado, por xenofobia.

Além dessa ação, ela também aparecia como ré em uma ação civil pública – que foi extinta pela 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro, mas sofreu recurso sob alegação de “erro crasso de julgamento” -, pelo mesmo motivo.

Ângela, que é diretora de Responsabilidade Social do Clube de Regatas do Flamengo – e casada com o presidente do clube, Rodolfo Landim -, fez um post em suas redes sociais após as eleições de 2022, quando comparou os nordestinos a carrapatos.

A ação criminal desta terça-feira (13) foi analisada pelo juiz Marcelo Luzio Marques Araújo, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Ângela disse que não teve intenção

Por meio de seus advogados, Ângela declarou na época da denúncia que não teve a intenção de ofender, que é natural do estado de Sergipe e que viveu por quase 30 anos no Nordeste.

Ângela Landim, Bolsonaro e Landim — Foto: Reprodução

Ângela Landim, Bolsonaro e Landim — Foto: Reprodução

O MPF considera, porém, que as afirmações e o pedido de desculpas não a eximem de responsabilidade e tampouco satisfazem o dever de plena e integral reparação, tendo em vista a repulsa que as declarações provocaram e a reprovabilidade da conduta.

Os procuradores consideram que a mensagem, que comparou nordestinos a parasitas (carrapatos), constitui ofensa a dignidade e a honra, na medida em que buscou desumanizar e inferiorizar os nordestinos.

“Depois de disparado o discurso discriminatório e produzido seus efeitos, não basta pedir desculpas, pois a reparação precisa ser plena e integral. De antemão, é necessário de pronto enfatizar que processo judicial deve ser instrumento de efetiva proteção dos direitos fundamentais e não palco para naturalização de atitudes racistas ou discriminatórias”, afirmam os autores da ação.

O post

Em seu perfil do Instagram, Ângela demonstrava apoio a Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições. Ela chegou a fazer campanha para o ex-presidente depois da conquista da Libertadores de 2022, em Guayaquil.

Em um post ao lado de Rodinei, ela fez o sinal com o 22, número de Bolsonaro na eleição, e escreveu: “Vencemos uma. Falta a outra”.

Lula obteve 69,34% dos votos na região Nordeste, enquanto Bolsonaro ganhou nas outras regiões.

O resultado levou justamente ao conteúdo do post: “Ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias.”

Na sequência da mensagem, ela ainda associa os nordestinos aos carrapatos, usando um apelido dado aos eleitores de Bolsonaro como referência: “Se o gado morrer o carrapato passa fome”.

Post feito pelo perfil pessoal de Ângela Machado — Foto: Reprodução

Post feito pelo perfil pessoal de Ângela Machado — Foto: Reprodução

Dias depois, ela voltou às redes para se desculpar:

“Peço desculpas pelo meu erro, reconheço e respeito o processo democrático e o resultado das urnas. E torço para que o próximo governo tenha êxito pelo bem do nosso país, independente de qualquer ideologia. Peço desculpas também ao povo nordestino, aos sergipanos e a todos que, de alguma forma, feri com meus atos. E, inclusive minha família, com quem me desculpei diretamente”. Ângela nasceu em Aracaju, em Sergipe.

No início de novembro, Landim disse ao ge que os ataques feitos pela sua mulher aos nordestinos eram um “desabafo”. Disse ainda que ela tinha “o direito de se posicionar.”

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