O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu as críticas envolvendo as viagens e os gastos de sua esposa, Janja da Silva, afirmando que ela “não é clandestina” e que “vai continuar fazendo o que gosta”. As declarações ocorreram em coletiva de imprensa em Hanói, no Vietnã, neste sábado (29).
Na ocasião, o chefe do Executivo foi questionado sobre a viagem a Tóquio, onde a primeira-dama chegou discretamente uma semana antes do próprio presidente. Na coletiva, ele foi indagado se não considera importante divulgar com antecedência as viagens e os gastos da primeira-dama.
Lula negou que Janja tenha viajado “escondida” e afirmou que há indagações da oposição que não devem ser respondidas.
– Eu sinceramente não respondo à oposição nesse assunto. Eu acho que a Janja tem maioridade suficiente para responder àquilo que é sério. Aquilo que é molecagem, aquilo que é fake news, aquilo que é irresponsabilidade, não precisa responder, a história vai julgar – adicionou.
O petista defendeu que sua esposa vai “para onde ela quiser” e tem liberdade para “falar o que quiser”.
– Ela vai continuar fazendo o que ela faz, porque a mulher do presidente Lula não nasceu para ser dona de casa, ela vai estar aonde ela quiser, vai falar o que ela quiser, e vai andar para onde ela quiser, é assim que eu acho que é o papel da mulher – declarou ele.
O líder brasileiro ainda comentou a viagem de Janja a Paris, na França, onde ela discursou como chefe da delegação brasileira na abertura da cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G) nesta sexta-feira (28). O petista afirmou que sua esposa não é “clandestina” e que foi a Paris a convite do presidente francês, Emmanuel Macron.
– Janja foi oficialmente me representando, ela não foi em uma viagem escondida, ela foi em uma viagem me representando. Ela não faz viagem apócrifa, ela faz viagem porque ela foi convidada para fazer uma viagem e não foi pouca coisa. Ela viajou a convite do companheiro Macron para discutir a aliança global contra a fome e a pobreza, e eu fiquei muito orgulhoso quando ela foi lembrada pelo Macron – assinalou.
Janja deixou o Japão e foi a Paris após ter acompanhado Lula no jantar com o Imperador Naruhito e a Imperatriz Masako no Palácio Imperial de Tóquio.
A oposição tem feito reiterados pedidos por mais transparência em relação aos gastos da primeira-dama, que conta com uma equipe informal que a acompanha nas viagens ao exterior, embora não exerça nenhum cargo público no governo.
Em 2024, a estadia da comitiva de Janja durante os Jogos Olímpicos de Paris custou R$ 203,6 mil. Em fevereiro deste ano, as passagens de ida e volta da esposa do presidente a Roma, na Itália, onde ela participou do evento pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (Fida), custaram R$ 34,1 mil.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, contudo, arquivou todos os pedidos da oposição para investigar os gastos de Janja.
A Advocacia-Geral da União (AGU), por sua vez, está preparando um parecer para estipular limites de atuação dos cônjuges dos presidentes da República.