A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira, 27, a Operação Salus, para apurar o desvio de mais de R$ 70 milhões da saúde no município de Maricá, no Rio de Janeiro. Pelo menos três investigados foram indicados aos seus cargos pelo vice-presidente do PT, Washington Quaquá. O município é governado há 15 anos pelo partido do presidente Lula.
Washington Luiz Cardoso Siqueira, o Quaquá, ingressou no PT aos 14 anos de idade. Foi prefeito de Maricá pela legenda por dois mandatos, de 2008 a 2016. Seu sucessor, no cargo há sete anos, é o também petista Fabiano Horta.
Segundo o site Metrópoles, depois de apoiar o atual prefeito, Quaquá indicou para ocupar cargos na gestão municipal três pessoas, que são alvo de busca e apreensão e afastamento das funções públicas.
São eles: a secretária de Saúde, Solange Regina de Oliveira; a diretora do Hospital Che Guevara, Simone da Costa Massa; e o presidente da Comissão de Avaliação de Desempenho (CAD), Marcelo Costa Velho Mendes de Azevedo.
Diego Zeidan, filho de Quaquá, era vice-prefeito da cidade, mas se licenciou para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário na Prefeitura do Rio de Janeiro.
O vice-presidente do PT, que também é vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, pretende se candidatar novamente a prefeito de Maricá.
Operação Salus
A operação da PF foi baseada em um relatório de auditoria de conformidade do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ), realizado na Secretaria Municipal de Saúde de Maricá, entre agosto e dezembro de 2022. O desvio de recursos teria ocorrido por meio de um contrato com o Instituto Gnosis, uma Organização Social de Saúde (OSS).
Segundo a Operação Salus, que faz alusão à deusa grega da saúde, da limpeza e da sanidade, estariam envolvidos no esquema servidores públicos, empresários e operadores financeiros.
Cerca de 60 policiais cumprem 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Maricá, Niterói e Rio de Janeiro.
Sócios da Organização Social de Saúde (OSS) moram em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. Nas casas dos investigados, a PF apreendeu quatro veículos de luxo, R$ 50 mil em espécie, celulares, notebooks e documentos.
Em nota, a Prefeitura de Maricá afirma que “todos os esclarecimentos requeridos serão feitos, bem como o cumprimento de todas as determinações judiciais.
Leia o comunicado na íntegra:
Em razão da enorme quantidade de informações absolutamente equivocadas divulgadas na imprensa, a Prefeitura de Maricá tem o compromisso público de restabelecer a verdade dos fatos sobre o contrato firmado entre a Secretaria de Saúde e a OS Gnosis.
– A operação da PF não teve como alvo o Hospital Che Guevara;
– O Hospital Che Guevara não tem e nunca teve qualquer vínculo com a OS Gnosis;
– Não é verdade que tenham ocorrido aditivos somando 151% no contrato da OS Gnosis com a atenção primária de Maricá;
– O único aditivo durante todo o contrato foi de 9,85% (em 2022), respeitando o limite da legislação de até 25%;
– Em 2020, por exemplo, o município tinha 36 equipes de saúde da família e sete de saúde bucal. Hoje, tem 57 de saúde da família e 30 de saúde bucal;
– Com isso, também está errada a informação de que houve a contratação de 75 médicos para apenas uma unidade.
Por fim, reafirmando o compromisso com a verdade, o interesse da população e o zelo no uso dos recursos públicos e sua correta prestação de contas, todos os esclarecimentos requeridos serão feitos, bem como o cumprimento de todas as determinações judiciais.