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Igreja Universal ignora aproximação com o governo do Republicanos, partido ligado à Igreja, e mantém ataques a Lula

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Periódico do grupo religioso publicou seis ataques ao presidente desde o fim de maio; única trégua foi durante a Reforma Tributária, que beneficiou organizações vinculadas aos templos

O iminente ingresso do Republicanos no primeiro escalão do governo não tem sido suficiente para que a Igreja Universal, à qual o partido é associado, cesse suas críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à gestão federal. Desde o fim de maio, quando começaram as conversas sobre a possibilidade da entrada do partido na base, a “Folha Universal”, periódico de tiragem semanal publicado pela congregação, criticou o petista e aliados em ao menos seis ocasiões.

Atualmente, o Republicanos articula com o governo para que o deputado Silvio Costa Filho (PE) assuma o Ministério do Esporte, em troca de apoiar o Planalto no Congresso. Com isso, a expectativa é que o partido, que tem 39 parlamentares, garanta cerca de 30 votos em matérias caras ao governo.

A crítica mais recente foi publicada no dia 27 de junho, quando o jornal repercutia a entrevista da petista Márcia Tiburi ao portal UOL. Na ocasião, a socióloga criticou setores evangélicos e defendeu o fechamento de certas igrejas ligadas a líderes extremistas.

A fala de Tiburi gerou revolta entre lideranças. Em um texto, o veículo afirmou se tratar de mais um episódio de “ódio do bem, propagado por defensores da ideologia de esquerda”. A reportagem afirmava ainda que a entrevista revelou “a verdade sobre o que o PT pensa sobre os cristãos”.

Também em junho, o jornal, que distribui 1,7 milhão de exemplares por semana, criticou a postura do governo em pautas ligadas às minorias e em votações, como o Marco do Saneamento. A base se opôs ao projeto de Jair Bolsonaro, enquanto Lula vetou dois parágrafos do texto. A derrubada desses vetos representou a primeira grande derrota do presidente na Casa.

“Esse é um tipo de pauta que deveria ser encampado por todos, independentemente da coloração partidária (…) torna-se árdua a missão de pacificar este país quando o próprio mandatário exibe uma enxurrada de incoerências em seus gestos, atitudes e ações que confrontam flagrantemente com o que se comprometeu ali atrás”, diz trecho da matéria.

Marcha para Jesus

Já no início do mês, quando o presidente não compareceu à Marcha para Jesus e mandou o ministro Jorge Messias e a deputada Benedita da Silva em seu lugar, a reportagem sobre o evento tinha o entretítulo “O que observar”, ressaltando a ausência.

“Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado para a Marcha para Jesus, porém preferiu enviar um representante (…) O primeiro e único presidente que participou do evento, até então, foi Jair Bolsonaro, em 2019, e compareceu novamente em 2022”.

Membros do primeiro escalão também foram alvos da “Folha Universal”. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teve sua posição favorável à liberação das drogas rechaçada em publicação em abril: “Políticos da extrema esquerda flertam com a iniciativa de outros países e de alguns estados norte-americanos para descriminalizar todos os tipos de drogas (…) a esquerda se mostra sem apreço pelo bem-estar real da população e somente diz o que seus eleitores querem ouvir”, diz o texto.

Em outras ocasiões ao longo dos últimos dois meses, o jornal afirmou que o Brasil vive uma “ditadura do progressismo” e reverberou opiniões do líder do Republicanos, Marcos Pereira, para afirmar que o governo não teria base consistente no Congresso Nacional e que o partido não iria compor a base.

O único momento de alívio foi referente à Reforma Tributária, quando o jornal vinculado à Universal fez uma matéria explicativa. Um inciso do texto aprovado na Câmara dos Deputados representou o maior aceno do governo ao setor, por expandir a imunidade tributária previstas na Constituição Federal para as organizações assistenciais e beneficentes ligadas aos templos.

Um levantamento recente do GLOBO mostrou que a medida beneficia 40 entidades ligadas a influentes pastores que fizeram parte da base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre eles, o fundador da Universal, o bispo Edir Macedo.

*Com informações OGLOBO

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