Ouvido na CPI das Apostas Esportivas nesta terça-feira, o promotor Fernando Cesconetto disse aos deputados que já há uma terceira frente de investigação aberta pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), no âmbito da Operação Penalidade Máxima, para apurar suspeitas de fraudes em jogos da Série A de 2022.
Segundo o promotor, há indícios de que novos suspeitos tenham participado de um esquema de manipulação de jogos para lucrar com apostas esportivas, além dos que já foram alvos de denúncias do Ministério Público em março e no início deste mês.
“Instauramos uma terceira investigação complementar, até porque tem dados que nem sequer chegaram ao nosso conhecimento até o momento. Por exemplo, a íntegra dos dados bancários, porque nós pedimos as quebras (de sigilo). Temos que fazer essa análise, bem como analisar o farto material que nós pegamos principalmente em equipamentos eletrônicos. Mas prosseguimos, realizando interrogatórios, e já identificamos outras possíveis fraudes em jogos da Série A de 2022”,
disse Cesconetto.
Em março, em uma primeira leva de denúncias à Justiça, a Promotoria goiana acusou 14 pessoas, das quais oito eram jogadores suspeitos de participar do esquema, por crimes como corrupção em âmbito desportivo e organização criminosa. As fraudes apuradas até ali envolviam quatro partidas da série B — três ligadas a encomendas de pênaltis e uma em que se tentou convencer um jogador a ser expulso, em troca de R$ 400 mil.
Em abril, foi deflagrada a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que resultou em três prisões preventivas e no cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão em seis estados. No último dia 4, foram denunciadas à Justiça de Goiás outras 16 pessoas, por acusações de fraudes relacionadas a oito partidas da Série A de 2022, uma partida da Série B e quatro jogos de campeonatos estaduais de 2023.
Agora, de acordo com o promotor, os investigadores “não descartam que tenham outras pessoas envolvidas” com “outros crimes na Série A”.
“Quando deflagramos a segunda fase, foi possível notar que os apostadores estavam se organizando para tentar fraudar novos eventos, novos jogos na Série A”,
revelou Cesconetto.
Nesta tarde, a CPI na Câmara ouviu, além do promotor, o procurador-geral de Justiça do MPGO, Cyro Peres, e o presidente do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo, responsável pela denúncia que gerou a investigação das autoridades goianas. Segundo o presidente da CPI, deputado Julio Arcoverde (PP-PI), a Operação Penalidade Máxima, que já compartilhou documentos e informações com os parlamentares, é o ponto de partida dos trabalhos do colegiado.