Por: Elias Pereira
Humaitá(AM) – Com uma festa que durou 3 dias (13 a 15.05) e incluiu inaugurações, shows, exposições e desfiles, o município de Humaitá, localizado ao sul do Estado do Amazonas, comemorou 153 anos, contabilizando sensíveis avanços e sonhando com a esperada solução de problemas históricos, estruturais e desafiadores.
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Beém de Humaitá, tem suas origens com a chegada do comerciante Português José Francisco Monteiro, no entardecer de 14 de maio de 1869. No dia seguinte, 15 de maio de 1869, desembarcaram e aqui deram início às atividades que levaram Humaitá ao ápice econômico e social, testemunhando anos depois, o ocaso daquela que ainda hoje é considerada a “princesa do madeira”.
Vale ressaltar a que Comarca de Humaitá seria criada dois anos depois, a 10.04.1891, através do Decreto nº 95-A, pelo então governador do Amazonas Eduardo Gonçalves Ribeiro e instalada em 24 de agosto de 1891.
Atualmente, sob a gestão do prefeito José Cidenei Lobo (Dedei Lobo), que governa o município pela terceira vez, o município assiste com ansiedade o passar dos dias, alimentando um misto de confiança e desesperança no governo municipal, face às carências que colocam o município em larga medida, de forma negativa perante a própria população, imprensa e etc.
Na área social, milhares de famílias vivem quase que exclusivamente de auxílios governamentais e o que é pior, sem qualquer perspectiva de mudança nesse trágico cenário; desalentador e ao mesmo tempo, desafiador, na medida em que serve com perfeição a propósitos eleitoreiros, que tornam esse enorme contingente absolutamente refém das vontades governamentais.
O sonhado zoneamento ecológico e econômico da região, expõe outra ferida aberta e difícil de curar, que ao longo de décadas também subjuga e impõe vontades eleitoreiras às centenas de famílias produtoras, que, sem condições de produção, escoamento e comercialização de seus produtos, convivem permanentemente com um histórico dilema: produzir? Pra quem vender? Como escoar a produção? Quem vai financiar?
Na área de infraestrutura, as mazelas se expõem ainda de forma mais cruel, levando a uma evidente conclusão: sem aporte de recursos financeiros robustos, dos governos estadual e federal, ou mesmo da iniciativa privada, através das chamadas PPP´ (Parcerias Público-Privadas), o município jamais sairá dessa precária condição de pobreza e dependência governamental.
Recuperação da malha viária, pesados investimentos em saneamento básico, reorganização e atualização das estratégias de ensino ofertadas na rede pública municipal, modernização da máquina administrativa municipal, incentivos eficazes à produção rural e mineral, modernização e ampliação dos serviços de saúde, são apenas alguns dos enormes desafios que sem vontade política, aporte de recursos financeiros e comprometimento administrativo através de servidores com formação e informação atualizadas diariamente, enfrentamento sem titubeios dos processos de violência que vão se instalando paulatinamente, como tráfico de drogas, etc, não serão solucionados nesta e nem nas próximas gestões.
Por fim, é cediço que Humaitá possui oportunidades e estratégias que podem alavancar seu desenvolvimento em médio e longo prazo, haja vista sua localização geográfica, clima, etc. Como disse Dom José Loureiro da Costa Aguiar, Bispo do Amazonas em sua primeira visita a Humaitá:
“Humaitá destina-se a ser a primeira do Rio Madeira a ter um risonho futuro”. (27.06.1895).