O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (21), que os gastos feitos pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 “para tentar garantir a eleição” deveriam configurar “improbidade”. Haddad considera que “grande parte da desconfiança do empresariado” com o governo petista é porque o setor pensa que o presidente Lula (PT) fará o mesmo em 2026.
Ele apontou que além de uma agenda de governo é necessário ter “projeto nacional” para o país. “O que foi feito em 2022 para tentar garantir a eleição do Bolsonaro é uma insanidade: calote de R$ 100 bilhões em precatórios, surrupiar o ICMS dos governadores para baratear artificialmente a gasolina durante o processo eleitoral, auxílios inventados na calada da noite para ganhar apoio de taxista e caminhoneiro”, disse Haddad em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
“Nós estamos pagando o preço dessa total desorganização”, acrescentou. Para o chefe da equipe econômica, Bolsonaro foi “uma pessoa 100% improba” com gastos do governo em 2022.
“O que ele fez com as finanças públicas para se eleger é algo que tem que ser caracterizado como improbidade. Não dá para uma pessoa fazer aquilo e passar incólume. Não tem condição. Se a gente não corrigir esse tipo de postura, fica muito difícil daqui pra frente”, enfatizou.
“Como é que vai administrar um país dando liberdade para a pessoa fazer o que fez? Não dá para ser assim, porque dá muito trabalho depois para consertar. Às vezes, você gasta um mandato para consertar o que o outro fez”, disse o ministro.
Haddad foi questionado sobre o suposto plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O ministro da Fazenda disse que “não tem dúvidas” de que o suposto plano homicida seria colocado em prática.
“Não tenho dúvidas de que estaríamos sob uma ditadura”, afirmou. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas por participação na suposta trama golpista. A Primeira Turma do STF decide a partir da próxima terça-feira (25) se torna o ex-presidente réu nesse inquérito.
Haddad diz que alimentos devem baixar, mas ovo e café ainda preocupam
O ministro disse acreditar na queda do preço dos alimentos em breve, mas apontou que o preço do ovo e do café ainda preocupam o governo. Diminuir o preço dos alimentos é considerado um dos principais desafios para aumentar a popularidade de Lula.
“O aumento da demanda mundial por café, por exemplo, é um ponto de preocupação. A Ásia é um continente onde se toma muito chá. E se você migra para o café, se começa a aumentar muito, como parece estar acontecendo, pode ter um impacto nos preços mais duradouro, porque até a produção corresponder… Feijão, você planta três por ano. Café, não”, afirmou.
“Nós exportamos pouco. A nossa exportação é muito pequena. Mas pode estar havendo concentração de mercado. Pode estar tendo especulação no preço. O presidente pediu para os ministérios entenderem melhor o que está acontecendo”, acrescentou Haddad.
Segundo ele, o “ciclo do boi” pode chegar “ao fim mais rapidamente” com a queda do dólar. “O Brasil é um grande produtor de carne. Então, tem alguns itens que, na minha opinião, vão acomodar”, frisou.