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Greve dos cobradores prevista para terça-feira (15) pode causar paralização total em Manaus

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Na ausência dos profissionais, motoristas podem recusar-se a realizar a função de cobrador devido a sobrecarga

A greve geral dos cobradores do transporte público de Manaus prevista para acontecer na próxima terça-feira (15) pode causar a paralização geral das linhas de ônibus. Isso porque, segundo informações obtidas exclusivamente pelo Foco, motoristas podem recusar-se a dirigir e cobrar na ausência dos profissionais.

Segundo Givancir Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus (STTRM), a greve tem como objetivo reivindicar reajuste salarial e permanência dos profissionais nos seus postos de trabalho.

“Companheiros, está aprovada a greve. Na próxima terça-feira, metade da frota não rodará até que as empresas restabeleçam o emprego dos cobradores e nos garantam pelo menos 12% de reajuste salarial”, disse Gilvan durante discurso na sede do sindicato dos rodoviários.

Devido a possível redução na metade do efetivo de cobradores, circula nos bastidores da categoria a sinalização de que os motoristas podem recusar-se dirigir e ao mesmo tempo receber e passar valores em dinheiro. Essa sobrecarga no trabalho dos motoristas pode levar à paralização da categoria também.

Um motorista da linha Via Verde, ouvido anonimamente pelo Foco, relatou que pretende aderir à paralização porque não vai aceitar sobrecarga na sua jornada de trabalho que já é, segundo ele, exaustiva.

“É muito desgastante para nós. Só o fato de dirigir na cidade é exaustivo por conta de diversos fatores. Não podemos ficar sem os cobradores. Eles têm inúmeras funções, não apenas cobrar e passar troco. O sistema de validar o cartão, às vezes dá problema. O aplicativo para colocar crédito ocasionalmente apresenta falhas. Então é necessário ter o cobrador. Além dele ser o responsável por subir e descer a rampa para cadeirantes”, disse o motorista.

Além da convocação da greve, haverá na próxima segunda-feira (14) uma audiência pública na Câmara Municipal de Manaus (CMM) para discutir as reivindicações cobradas pela categoria.

A greve dos cobradores vai ocorrer em meio às discussões sobre a substituição dos cobradores das linhas do transporte coletivo.

Na última quinta-feira (10), durante a entrega de ônibus sem espaço para cobradores, o prefeito David Almeida (Avante) se pronunciou sobre o tema e afirmou que a “modernidade está chegando” e que a categoria precisa se adaptar.

Sobre a redução dos cobradores, o chefe do Executivo Municipal atribuiu a decisão à evolução tecnológica e às recomendações de órgãos oficiais. “O Ministério Público orienta a retirada de dinheiro em espécie dos ônibus. A Justiça do Trabalho também se posicionou sobre isso. Estamos dialogando com as empresas para que esses profissionais sejam realocados, por exemplo, como motoristas”, afirmou.

Porém a fala do prefeito causou polêmica, com a justificativa de que não quer causar um caos social.

Demissões

A introdução de novos ônibus sem o espaço de trabalhadores vem causando a demissão gradativa de cobradores. Segundo um representante da classe, que preferiu não se identificar, desde dezembro de 2024, cerca de 50 trabalhadores foram demitidos.

Para ele, a demissão dos profissionais, além de desempregar centenas de pais – que depedem do emprego para levar o sustento para a casa – pode prejudicar a categoria dos motoristas: “Vai gerar sobrecarga, além de gerar atrasos pois durante a viagem o motorista terá que manusear o dinheiro”.

A entrega de novos ônibus sem o espaço dos cobradores parece seguir uma tendência. No mês passado, cerca de 40 novos “carros” foram entregues sem o local do profissional.

O Foco entrou em contato com a assessoria da Câmara Municipal de Manaus (CMM) solicitando esclarecimentos sobre a audiência pública marcada para a próxima segunda-feira, mas não houve retorno.

Também foi solicitado questionamentos ao Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) sobre o número de cobradores demitidos citado na matéria se é real, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para ambas as secretarias.

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